Num momento em que tem estado em cima da mesa a discussão sobre o voto eletrónico, João Noronha Lopes justificou-se sobre o facto de não ter protestado nas eleições para a presidência do Benfica, em 2020, em que muitos sócios colocaram em causa a legitimidade dos resultados. Durante a presença no podcast 'Mata-Mata', o empresário considerou que acabou por evitar atos de violência. "Tivemos a maior votação de sempre da história do Benfica. Não quis transformar a eleição mais participada de sempre numa batalha campal entre benfiquistas. Foi uma decisão muito difícil e muito individual. A maior parte das pessoas que estavam comigo pensou de maneira diferente. O processo iria acabar da mesma maneira. As urnas iriam ser levadas para um determinado local. O que quer que se pudesse fazer teria sido feito, com uma diferença. A noite teria agravado com os benfiquistas à pancadaria", explicou Noronha Lopes, que, em 2020, teve perto de 35% dos votos numas eleições ganhas por Luís Filipe Vieira.

O candidato reforçou também os motivos que o levam a ser contra o voto eletrónico. "Ao dia de hoje não oferece condições de isenção e credibilidade. Isso explica o facto de não termos voto eletrónico para os órgãos de soberania e na maioria dos países democráticos do Mundo. No Benfica ainda é mais importante ter o voto de escrito, por uma questão de legitimidade do presidente. É importante que não haja duvidas em relação à votação. A maneira de acontecer é através do voto escrito. Evita-se que continuemos eternamente a ter discussões sobre se o voto eletrónico é fiável. Os sócios do Benfica votaram maioritariamente pela abolição do voto eletrónico e pela escolha do voto físico. Os estatutos dizem-no", frisou.

O empresário abordou ainda o projeto que tem para o futebol, que tem o diretor-geral como um pilar fundamental, nomeadamente na escolha do treinador, e referiu que é necessário valorizar o scouting. "Não podemos ter uma contratação do treinador sem a opinião do scouting. não podemos ter contratações que não são consertadas. As pessoas têm de trabalhar em conjunto. A garantia da identidade do futebol do Benfica é o diretor-geral do futebol. Ele é o responsável para que o treinador esteja identificado com a filosofia de jogo, com os valores do Benfica e com a importância da formação. O diretor-geral é o responsável por identificar o treinador. E é um treinador de projeto", sustentou.

Foi neste contexto que Noronha Lopes questionou as mudanças na estrutura ocorridas neste verão, lembrando que é necessário haver uma visão para lá dos resultados. "Não podemos mudar as coisas porque a bola bate no poste e não entra. Se a bola do Pavlidis [frente ao Sporting, na Liga] não bate no poste e entra, estava tudo bem? Lourenço Pereira Coelho, Rui Pedro Braz e Ricardo Lemos não tinham saído? Há uma enorme falta de rumo no futebol do Benfica. No final de uma época vamos mudar uma estrutura porque a bola não entrou depois de o treinador do Benfica ter dito que a estrutura merece ser apoiada. É uma total falta de rumo, de planeamento e de ideia a longo prazo.