Presente na deslocação da seleção portuguesa à Croácia para o duelo da última jornada da fase de grupos da Liga das Nações - último em que estará como presidente -, Fernando Gomes comentou o adeus à presidência da Federação Portuguesa de Futebol. Em conversa com os jornalistas no pré-jogo, o ainda líder máximo do referido organismo afirmou que, durante a sua estadia, faltou apenas a conquista da Mundial às cores nacionais.

Saída do cargo: «Não se pode dizer que seja uma despedida, vamos continuar a apoiar a Seleção e continuar a ser fãs incondicionais. Despedida meramente da presidência da Federação após três mandatos. Neste período, o que fizemos em termos da promoção do futebol português e de Portugal, só podemos estar realizados.

Hoje é o último jogo, mas ainda temos algo para conquistar, nomeadamente a qualificação da Seleção feminina dia 29, que vai jogar o playoff para estar no terceiro Europeu consecutivo. Ainda temos coisas para concluir. Aqui já estamos apurados para os quartos de final da Liga das Nações, a segunda consecutiva sem necessidade de cálculos nem playoff. Satisfação muito grande termos estado à frente do futebol português e termos feito o que é visível e palpável.»

Primeiro jogo da seleção como presidente: «Foi a 28 de fevereiro de 2012. Inauguração do estádio de Varsóvia, Polónia-Portugal. Se perspetivava, passados 13 anos, ter tantas alegrias como presidente da FPF e com a seleção, sinceramente tinha algumas dúvidas que fosse possível. Já tínhamos tido gerações como a de ouro, em 2004 perdemos com a Grécia, em 2000 meia-final do Europeu, e nas meias-finais de 2006. Felizmente a 10 de julho de 2016 tivemos a enorme felicidade do Éder marcar aquele golo e dar-nos a oportunidade de sermos campeões da europa.»

Legado deixado: «Cabe a outras pessoas avaliarem o que fizemos. Se olharmos para a federação desportiva, títulos, ao longo destes 13 anos tivemos um conjunto de conquistas extremamente importantes. Euro sub-17, sub-16, campeões do mundo de futsal... não há duvida que o Euro 2016 e a Liga das Nações em 2019 são títulos que nunca mais vamos esquecer. Gostaria muito de ter dado o título de sub-21, estivemos duas vezes muito próximos, 2015 e 2021.

A Seleção tem feito um trabalho fantástico, lançar jovens, a maior parte dos que chegam à A passaram pelos sub-21. Gostaria de ter tido essa conquista, mas se olharmos ao que fizemos só podemos ficar contentes.»

Planos para o futuro: «Tenho trajeto ligado ao desporto. Praticante 17 anos. Dirigente desportivo já tenho 32, poderei dizer que dei muito ao desporto. Estou consciente e tenho opinião positiva e favorável à limitação de mandatos. É tempo de outras pessoas poderem ocupar os nossos cargos e com ideias novas poderem, eventualmente, fazer melhor do que nós.»

O que faltou nestes anos?: «Acima de tudo, o que nos faltou foi o título Mundial. Em 2022 tivemos todos muita esperança que pudesse acontecer, depois da vitória estrondosa com a Suíça, que foi fantástica. Ficamos ansiosos e positivos se poderia acontecer, infelizmente não aconteceu. Mas é a pequena mancha, digamos assim, que nos acompanha desde o início desta campanha. Mas satisfeitos, honrados e orgulhosos pelo que fizemos nestes 13 anos.»

Sentir falta do cargo?: «Vou sentir nostalgia, mas acima de tudo sou português, fã incondicional da Seleção e não vou sentir falta. Vou sempre acompanhar a Seleção.»