Sem alguém o esperasse, na terça-feira a 12.ª jornada da Liga Betclic fechou com estrondo! Com o Imortal a derrotar o Sporting por 86-80, depois de ter sobrevivido à desvantagem de 20 pontos (40-60) aos 5m do 3.º quarto e entrado no último a perder por 12 (52-64).

Só que, ao melhor estilo da NBA, 10m arrasadores dos algarvios, com cinco triplos, e um apagão dos leões defensivamente e na finalização, concretizaram o impossível. O Imortal registou o inédito terceiro triunfo, no total de quatro vitórias.

«A reação à adversidade tem sido algo com que nos temos debatido, porque, no início do ano, quando o grupo era mais curto, sempre que os adversário fugiam acabávamos, por desalento, não ter capacidade de reagir».

Antes de, esta tarde (18h30), os lisboetas irem atrás da desforra em embate para os oitavos de final da Taça de Portugal, A BOLA conversou com o treinador Bernardo Pires findo o primeiro pós-vitória. «Não é fácil, mas, de vez em quando acontece», desabafou.

Mais do que ganharem, esperavam fazer uma recuperação daquelas? «Sim e não... O passado recente tem-nos dado indicações de que temos melhorado. A reação à adversidade tem sido algo com que nos temos debatido, porque, no início do ano, quando o grupo era mais curto, sempre que os adversário fugiam acabávamos, por desalento, não ter capacidade de reagir. O que era desvantagem de 10, 12 pontos, passava, rapidamente, para 20, 30 ou até 40 pontos. Ontem [anteontem], felizmente, foi um dos dias em que conseguimos reagir e com capacidade», conta.

«Comprometer o Sporting»

À entrada para o último período, sentiu que os jogadores acreditavam ser possível anular a diferença de 12 ? «Mesmo no final do 3.º quarto já se antevia uma tentativa de reação. Depois de termos estado a 20 pontos, reduzimos a 9. Só que um triplo do Sérgio Silva, a 3.5s do fim, recolocou a desvantagem em 12. Mas é como em tudo. Na tentativa de reação tivemos sucesso e o adversário foi ficando algo desacreditado. Afinal tinha estado a liderar por 20...».

«Claro que o lançamento do Sérgio nos recolocou algumas dúvidas, mas uma equipa que está perante a derrota, se desistir vai perder», vai justificado o treinador de 31 anos, que em 2023/24 assumiu o comando do Imortal na Liga.

«[Pedi aos jogadores] Para sermos mais atrevidos e rápidos. Fizemos um ajuste na parte final do 3º quarto. Passámos de jogar com dois jogadores interiores para um, de maneira a dar força àquilo que era a nossa ideia: correr para tentar comprometer ao máximo o Sporting em situações de transição defesa-ataque».

O que é que pediu aos jogadores para o 4.º período? «Para sermos mais atrevidos e rápidos. Fizemos um ajuste na parte final do 3º quarto. Passámos de jogar com dois jogadores interiores para um, de maneira a dar força àquilo que era a nossa ideia: correr para tentar comprometer ao máximo o Sporting em situações de transição defesa-ataque. Acabámos por ter sucesso e a felicidade dos lançamentos exteriores, que entrarem continuamente e foram procurados coletivamente. Além disso, as nossas individualidades que foram chegando ao longo do último mês e meio, estão cada vez mais envolvidas numa ideia coletiva e que pode levar-nos em crescendo», conta ainda o filho do antigo internacional Alexandre Pires.

«Cheguei a casa e fui logo ver o jogo»

«Mas, claro que um jogo não são jogos, não vale a pena dar entrevistas a dizer que agora somos bons e antes éramos maus. A verdade é que temos de trabalhar de forma consistente. Vamos ter resultados positivos e negativos e há que responder com trabalho. Entretanto, já treinámos, fizemos recuperação e tentámos alinhar o que poderá ser a contra estratégia do Sporting. Amanhã [hoje] esperamos entrar com o mesmo espírito. Tentar competir e prolongar os momentos bons o máximo tempo. Se chegarmos ao fim com o jogo por resolver, tentar ter a capacidade e o engenho de ganhar outra vez». Diz esperançado sobre o confronto para a Taça.

Com aquela adrenalina toda foi fácil dormir? «Não, cheguei a casa e fui logo ver o jogo, para apontar os erros e as coisas que tinha que preparar para hoje dar o treino já com algum conteúdo. Depois de ver o jogo outra vez, aí sim foi mais fácil dormir. Após o início difícil do campeonato, fruto da dificuldade de inscrição de estrangeiros - jogámos muitas vezes só com dois ou três estrangeiros -, lesões e duas substituições, este foi o quarto encontro com a equipa completa. Desses, vencemos três..».

«Mas sonhar não... Não temos tempo, só para trabalharmos, conscientes do que queremos e contentes nos momentos em que podemos ficar, mas sem grande deslumbramento»

E o que é que estas três vitórias consecutivas permitem sonhar? Porque estes resultados fazem sonhar, não é? «Não. Acho que nos faz ficar contentes de que o trabalho que temos desenvolvido começa, finalmente, a dar frutos. Treinámos a 23 de dezembro, no dia 24 online, no Natal e a 26 ao final da tarde. Treinámos dia 27 e jogámos contra o Galitos do Barreiro a 28 [vitória por 71-69]», vai enumerando, com orgulho.

«Depois, voltámos a treinar a 30 e 31 de dezembro, assim como a 1 de janeiro. Viajámos para a Póvoa e vencemos no dia 4 [80-84 a.p.]. Mas sonhar não... Não temos tempo, só para trabalharmos, conscientes do que queremos e contentes nos momentos em que podemos ficar, mas sem grande deslumbramento», garante.

«A base do sonho é o trabalho»

«Também ficamos tristes, mas igualmente sem grandes desilusões. Depois é acreditar na tarefa e na equipa, que é consistente. Com as mudanças [de jogadores] ficámos mais coesos. Agora sonhar… acho que faz parte daquilo que toda a gente pode ter em mente, consciente de que com base nesse sonho tem de estar o trabalho. Se assim for, sonhamos todos. Não há grande aso a deslumbramentos, esta época também já perdemos por 40. Não é agora, por vencermos um jogo, que os desaires de 40 pontos são eliminados. Como também não é por termos batido o Sporting que, de repente, vamos ganhar tudo», afirma.

À espera de um Sporting revigorado

Mas sentiu necessidade de, neste primeiro treino, acalmar os ânimos da equipa? «Nenhuma. Temos um grupo jovem, muitos deles de continuidade, portanto, já passámos por isto. Eles conhecem-me, sabem que não vale a pena grandes deslumbramentos.Eu não iria ficar muito satisfeito. O caminho que queremos trilhar não é esse. Poderão estar mais contentes porque é sempre diferente ganhar ou perder, mas creio que acreditam cada vez mais na tarefa, semana após semana. Trabalhar sobre vitórias é sempre mais fácil», salienta.

No final, o Luís Magalhães [treinador do Sporting] disse-lhe alguma coisa? «Disse. O Luís foi o meu treinador de formação no minibasquete [Associação Gigantes e Anões de Aveiro]. É alguém com quem tenho relação. Disse-me: ‘Parabéns Bernardo, mereceram, fizeram por ganhar’», revela. E que Sporting está agora à espera? «Revigorado. A respeitar-nos mais do que nunca e a tentar colocar-nos à prova ao máximo», concluiu.