
Um enfermeiro de serviço na Assembleia Geral (AG) do FC Porto de novembro de 2023, no centro do julgamento da Operação Pretoriano, disse, esta terça-feira, que tratou «cerca de 12 pessoas» que foram agredidas na reunião magna dos dragões.
O julgamento foi retomado, no Tribunal de São João Novo, no Porto, com o depoimento do enfermeiro, que contou detalhes acerca da «confusão generalizada» a que assistiu e várias agressões, além de ter sido insultado por um dos arguidos, Vítor Catão.
Várias testemunhas pediram para serem ouvidas na ausência dos arguidos, que saíram da sala para o tribunal questionar um enfermeiro que presta serviços aos azuis e brancos há quase 30 anos, no hóquei em patins e no futebol, e que tinha sido destacado para, com um médico, trabalhar na AG.
O enfermeiro tratou «à volta de 12 pessoas», sócios que não conhece nem sabe conotar com a claque Super Dragões, não identificou qualquer arguido como estando na base de comentários mais inflamados, pedidos para os sócios se calarem ou as agressões, e viu pessoas «muito ansiosas e nervosas». Ainda foi insultado por Catão por «estar vestido de verde».
O enfermeiro revelou que só apresentava relatório médico em jogos, «quando havia ocorrências».
Outra testemunha, um sócio que marcou presença na AG e foi atingido com uma garrafa de água, relatou insultos e ameaças por parte de arguidos, lembrando que Fernando Madureira estaria a «comandar a fila» de acesso e afirmando que sentiu «medo» antes de entrar no auditório.
A oitava sessão do julgamento arrancou com a audiência de vários agentes da PSP que realizaram buscas a casa de arguidos, com dois a detalharem terem apreendido uma arma, de calibre 6.35 mm, com duas munições, ao arguido Hugo Loureiro, Fanfas, que estava na mala do carro, por indicação do próprio aos agentes. Encontraram ainda a roupa que consideraram que o arguido tinha utilizado na noite da AG, assim como «autocolantes com a cara de André Villas-Boas».
Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira, começaram em 17 de março a responder por 31 crimes no Tribunal de São João Novo, no Porto, sob forte aparato policial nas imediações. Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação, em torno de uma AG do FC Porto, em novembro de 2023.