O Sporting venceu os nacionais de clubes de atletismo, no masculino, após 15 anos de seca, e no feminino, 15.º consecutivo, em Leiria, num triunfo que "é mais do que um título", segundo o responsável do clube.

"É muito importante para o projeto do atletismo do Sporting e acaba por ser mais do que um título", começou por dizer Paulo Reis, em entrevista à agência Lusa.

Na 87.ª edição dos Campeonatos Nacionais de Clubes, em Leiria, o Sporting arrebatou o 55.º título no feminino, o 15.º seguido, e o 49.º no masculino, recuperando um cetro que não conquistava desde 2010.

"Quem teve o privilégio de estar nas bancadas e assistir às provas, percebeu a entreajuda, o espírito de equipa, não só entre os atletas, mas também equipa técnica e equipa multidisciplinar, e a sintonia que houve entre a equipa principal e os miúdos da academia que acabaram por vir assistir ali às provas e funcionaram quase como uma claque. Acabou por ser algo fantástico e algo que ambicionávamos há muito tempo", realçou o coordenador do atletismo dos leões.

O fim da seca verde e branca no masculino, naquele que foi, por exemplo, o primeiro título no Nacional de clubes ao ar livre para o veterano marchador João Vieira, de 49 anos, que chegou ao Sporting, proveniente do Clube de Natação de Rio Maior, em 2011, só foi entregue na última prova, a estafeta 4x400 metros.

Essa corrida deixou Sporting e Benfica com os mesmos 149 pontos, após as 21 provas, levando a decisão pelo título para as classificações de cada prova, levando, desta vez, os leões a melhor, o empate em 2022 tinha sido favorável ao emblema das águias.

"Houve anos em que ficámos perto, mas havia sempre um ou outro detalhe que nos afastava do título. E este ano, também da forma como as coisas começaram, em que partimos praticamente com oito pontos de atraso devido ao percalço que tivemos nesta enfrenta de 4x100, conseguimos acreditar", explicou Paulo Reis, recordando a desclassificação na estafeta, ainda no sábado, na primeira prova dos Nacionais.

O técnico leonino reconheceu que esse arranque em falso acabou por valorizar a conquista final.

"Foi um rombo grande para quem vem de 14 anos a perder e, de repente, chegamos à primeira prova do campeonato e ficamos logo sem sete pontos. Realmente, foi preciso muito caráter e muita determinação para ultrapassarmos esse percalço e acabarmos por fazer aquilo que fizemos", vincou.

Paulo Reis enalteceu as conquistas da secção de atletismo, com quase 600 atletas federados, 30 técnicos, ambicionando o pleno nos nacionais de clubes.

"Estes títulos deram-nos muito trabalho e estes vêm na sequência do de iniciados, ou seja, dos sub-16, dos sub-18 e dos sub-23. Se tudo correr bem, vamos acabar este mês o sub-20. Se conseguirmos vencer todos os títulos nacionais ao ar livre, em homens e mulheres, vamos conseguir algo inédito, que nós estamos muito determinados em alcançar. Portanto isto é um trabalho, a equipa principal é o topo da pirâmide, mas há um trabalho de base muito importante que estamos a fazer", explicou.

A hegemonia leonina no feminino manteve-se, com a conquista de 161 pontos, mais 53 do que o GD Estreito, e sem a concorrência do Benfica, que assinalou dificuldades em manter todas as equipas na modalidade para não comparecer na final da primeira divisão.

"Reconhecemos que, no topo, em nível absoluto, o ranking, a profundidade dos rankings é um bocadinho menor. Mas, claro, se todos nós fizermos o nosso trabalho e se conseguimos ir captando e fidelizando raparigas ao atletismo, trabalhando-os para elas apresentarem e devolver o seu melhor potencial, acredito que isto a curto, médio prazo seja algo que estruturalmente nós vamos alterar e também conseguir ter rankings femininos com mais profundidade", reconheceu Paulo Reis.

O técnico leiriense admitiu ainda que a conquista do título, na sua terra, lhe conferiu "uma felicidade ainda maior por ter sido em casa".

"Obviamente, Leiria é uma cidade especial para mim. Eu sou leiriense, nasci aqui numa aldeia de Vidigal. Comecei o meu trajeto no atletismo naquele estádio. Conheço muito bem os cantos à casa e, honestamente, sim, é algo especial. Eu tenho o privilégio de viver ali a 300 metros da pista e de, todos os dias, trabalhar ali naquelas instalações, nomeadamente no Centro Nacional de Lançamentos. Para o Sporting não, mas para mim foi quase como estar a jogar em casa. Eu sou um leiriense orgulhoso, embora agora naturalmente desenvolvendo o meu trabalho no Sporting, mas nunca renego as minhas origens", concluiu.