Paulo Robles está na Tribuna VIP do Bola na Rede. É treinador de futebol e inicia a sua rubrica de opinião “Zona de Pressão” no Bola na Rede. “Zona de Pressão” pretende ser um espaço critico sobre temas da atualidade e não só, que visam explicar melhor o fenómeno do futebol nas mais diversas vertentes.
Como em tudo na vida, irá existir um fim de linha para o “reinado” de Ruben Amorim ao serviço do Sporting Clube de Portugal. Bem aventurada é a situação de um treinador que pode pensar como será essa transição, assim como do ponto de vista do clube, haver margem temporal e humana para poder refletir e preparar melhor, esse momento.
Se perguntarem a qualquer adepto do Sporting, se esse é um momento desejado, creio que todos dirão que não, mas é um momento que acabará por ser real. Alex Ferguson, atualmente com 82 anos de idade, passou 27 anos da sua vida, ao serviço do Manchester United. Ruben Amorim tem toda a capacidade e potencial para isso mesmo, e até os sinais que o clube passa para fora, são de que há condiçoes, além do desejo, para que essa quantidade de anos se possa repetir. É e será sem dúvida, uma figura incontornável do futebol profissional do Sporting, por variadas ordens de razão. O mercado de trabalho a este nível, não perdoa. Dá e tira com uma velocidade incrível. Está aí à porta, a Champions 24/25, e creio que, com um desempenho leonino, muitos ou aqueles que ainda terão duvidas, rapidamente as tirarão, e Ruben Amorim, tem o perfil certo para agarrar essas oportunidades e arrisco mais, fazer sucesso, independentemente do clube ou projeto que o próprio possa vir a aceitar.
Amorim, é exaustivamente analisado na imprensa, pelos mais variados aspetos. Eu destaco dois, fulcrais, por sinal. A gestão do grupo: tem bem presente o que é ser jogador, e sabe o que este e os anteriores grupos, precisavam para ser um grupo forte. No início, teve dificuldades, mas agora a linguagem e a liderança já é um barómetro para todos os que entram na equipa, no grupo. O outro aspeto que destaco, é o entendimento do jogo: reparem na quantidade de variantes de jogo que a equipa apresenta, mesmo jogando no mesmo sistema. Isto é possível porque há crença no treinador, porque o treinador tem uma excelente equipa técnica, e porque Ruben Amorim acredita nas suas convicções e sabe ver e analisar um jogo de futebol, leia-se, o jogo da sua própria equipa e o jogo do adversário.
Com certeza o peso de substituir Ruben Amorim, será enorme. Quem se atreverá a suceder a Ruben Amorim? Estou fortemente convicto de que o próprio terá uma palavra a dizer na decisão de quem o irá substituir. Estou certo, que ao bom jeito alemão, não se olhará a idades nem a estatutos, nem tão pouco a nacionalidades. Não existe o treinador ideal, existe sim, um perfil de treinador. Até porque não existem dois treinadores iguais. Saber jogar dentro deste sistema, ter uma personalidade próxima dos jogadores, saber olhar para um jogador (da formação ou sénior), no seu global, ter capacidade para dominar aspetos motivacionais, ter uma equipa técnica multi-facetada e atualizada com o treino atual, são alguns dos aspetos que a tríade: Frederico Varandas, Hugo Viana e Ruben Amorim, vão acabar por considerar na hora da decisão final. Bendito o treinador que lhe suceder, pois terá um legado substancialmente diferente para melhor, daquele que Ruben Amorim teve.
Parabéns, Rúben Amorim!