Pedro Proença já tomou posse esta segunda-feira como novo presidente da Federação Portuguesa de Futebol. Eis o seu discurso.

Pedro Proença já tomou posse como novo presidente da Federação Portuguesa de Futebol e subiu ao palco para discursar. O antigo líder da Liga Portugal vai dirigir o organismo no quadriénio 2024-2028 e sucede assim a Fernando Gomes, que assumiu a FPF mais de uma década.

«O momento dizia obrigado, obrigado por merecer a confiança de três em quatro votantes. Sinto-me na obrigação de vos corresponder. Agradeço e agradece toda a nossa equipa. Hoje não acaba coisa nenhuma, hoje começa tudo aquilo que tivemos a coragem de escrever e propor», começou por referir.

Pedro Proença abordou a nova era no futebol português e deixou ainda palavras de agradecimento a Nuno Lobo, Fernando Gomes e mais personalidades:

«Marca um novo tempo no futebol português. A partir de hoje, existe um nós. Esta passará, a partir de hoje, a vossa casa. Viveremos um momento novo no futebol português. Agradeço a todas e a todos que participaram nestas eleições. Deixo este compromisso: a federação perde e ganha com todos. Nem eu, nem ninguém terá certezas absolutas. Será aqui criada uma força coletiva e agradeço ao doutor Nuno Lobo, que se apresentou. As coisas menos boas ficam em campanha. Que orgulho tenho de reconhecer que o futebol do meu país teve a maturidade de escolher um antigo árbitro para a instituição. Agradeço aos nossos antecessores: ao doutor João Rodrigues, ao doutor Gilberto Madaíl e, claro, ao doutor Fernando Gomes».

Pedro Proença destacou Madjer, Ricardinho e Cristiano Ronaldo:

«Ninguém pode esquecer que o futebol é das jogadores e dos jogadores. Os vossos mandatos coincidiram os tempos de Madjer, Ricardinho e de Cristiano Ronaldo. Uma era dourada que permite que esta casa tenha o maior de todos os tempos à escala mundial. Um exemplo. Os seus mandatos, doutor Fernando Gomes, devem resistir a momentos menos bons».

Pedro Proença deixou ainda uma mensagem aos agentes do futebol e falou sobre o crescimento do Braga a desafiar a “lógica tripartida” do Benfica, FC Porto e Sporting:

«Viramos hoje a página e temos uma equipa para implementar. A primeira palavra é para todos os agentes do futebol. Que a vossa disputa seja exclusivamente em campo e que não se falhe ao país. Não sou eu que tem a responsabilidade única de virar a página. De mim, de nós, podem esperar exigência neste compromisso. Foi esse o compromisso que assumiram comigo. O futebol é um jogo de equipa. Benfica, FC Porto e Sporting são os nossos clubes maiores, mas o Braga já desafia a lógica tripartida e outros se seguem».

Pedro Proença abordou ainda centralização dos direitos:

Portugal é, o sexto melhor país, em pontos nas competições de clubes. São factos. Faltam três anos para a concretização da centralização dos direitos audiovisuais. Um salto pelo qual tanto lutámos. Agradeço a presença de tantos dirigentes e todos sabemos da importância deste momento para a nossa competitividade. Nem um passo atrás. É uma realidade sempre adiada. Em campo, todos os anos, só ganha um. Creio que chegou o tempo de mudar a página».

Pedro Proença disse também:

«A Seleção é o maior fator de unidade. É hora de sentido de responsabilidade. A frontalidade tem custos. Sabemos que nos escolheram para defender o vosso nome: Portugal tem orgulho nas seleções. Em resumo, passar dos sentimentos a dados concretos. Senhores governantes, preparemos este espaço com a dignidade que este país merece. Não depende de quanto nos pagam, mas do quanto honrados somos por o representar. Nem tudo tem de ser um negócio. Ser de Portugal é um orgulho. O caminho de 2030 exige que estejamos à altura».

Pedro Proença deixou garantia relacionada com o Governo:

«A Federação não é um partido político. Todos os partidos nos merecem respeito e serão interlocutores nos nossos anseios. Já aqui garanti que não seremos escudo para governos, nem bala para governantes. Sabemos que algumas propostas aguardam há anos demais. Temos energia e inconformismo para um tempo novo».

Pedro Proença criticou IVA dos espetáculos desportivos, abordou também o IRS sobre «atletas de alto potencial abaixo dos 23 anos» e assegurou que não vem para «deixar tudo na mesma»:

«O IVA dos espetáculos desportivos tem de ser equiparado ao de qualquer outro espetáculo que se desenvolva em Portugal. Que termine este abuso e tremenda injustiça. É vital que o futebol português mantenha competitividade externa forte. O IRS sobre atletas de alto potencial abaixo dos 23 anos, vai precisar de uma resposta inadiável. Não podem apenas para promover. Tudo isso são palavras. Esta ação precisa de ações. Precisamos também de um PRR nacional para as infraestruturas desportivas. Se não tivermos um PRR para as infraestruturas, o país vai continuar a crescer de forma anémica. Viemos para respeitar o que de bom se fez e faz. Mas não viemos para deixar tudo na mesma».

«Queremos dar condições, profissionalizar tudo e todos e exigir a máxima responsabilidade. Queremos humanizar os árbitros e tudo com inegociável autonomia. A independência deste leia é princípio do que desejamos. Vimos com muita energia e ambição. O que temos pela frente é ambicioso, mas exequível», disse também.

Pedro Proença concluiu:

«Queremos dar condições, profissionalizar tudo e todos e exigir a máxima responsabilidade. Queremos humanizar os árbitros e tudo com inegociável autonomia. A independência deste leia é princípio do que desejamos. Vimos com muita energia e ambição. O que temos pela frente é ambicioso, mas exequível. Vamos juntos, unidos pelo futebol, unidos por Portugal».

Pedro Proença tomou posse na FPF Arena Portugal, na Cidade do Futebol em Oeiras. A cerimónia estava marcada para o dia 18 de fevereiro, porém foi adiada devido às cerimónias fúnebres do ex-presidente do FC Porto, Pinto da Costa, que morreu aos 87 anos.