Ricardo Horta está há vários anos ligado ao Sp. Braga e é já um nome histórico do clube, não só por ser o jogador com mais golos e jogos na história, mas também por ter ajudado a erguer vários troféus. O estatuto conduziu-o ao papel de capitão e de líder do balneário, função que respeita a toda a hora, mesmo que tal implique discordar do presidente António Salvador. Esse foi um dos pontos que Ricardo Horta abordou, numa entrevista concedida à SportTV.

Ser minhoto: "Sim, acho que me posso considerar já um minhoto. Já são muitos anos e eu considero-me minhoto principalmente pelo nascimento das minhas filhas. Todas nasceram aqui, por isso, tanto elas como eu já nos consideramos parte aqui do Minho." 

Definição de guerreiro: "Acho que um guerreiro tem de ter muitos adjetivos, mas o que eu destacaria se calhar era a resiliência. Acho que a resiliência faz parte de um guerreiro e ajusta-se também aqui ao clube, ao Sp. Braga. Acho que a resiliência é uma boa palavra para definir um guerreiro."  

Jogador com mais jogos e golos pelo Sp. Braga: "Essas questões, principalmente dos golos e dos jogos, foram acontecendo muito naturalmente. A minha primeira ideia quando vim aqui para o Sp. Braga era jogar, porque não estava a jogar no meu antigo clube. Era somar minutos, era fazer jogos, fazer 90 minutos para mostrar o meu real valor. E acho que essa questão dos golos e dos jogos foi aparecendo muito naturalmente. Passou um ano, passou dois e pronto, já estou aqui na minha nona época no Sp. Braga. São marcas bonitas, dá-me responsabilidade, mas acho que convivo bem com essa responsabilidade. É uma responsabilidade boa e acho que os jovens já me olham com com outro olhar, que é isso mesmo, é de responsabilidade, mas ao mesmo tempo conseguir viver estes marcos do clube de uma forma muito positiva. "

Estilo de liderança: "Eu acho que é mais de ser seguido pelo exemplo. Eu acho que não sou de falar muito. Acho que, hoje em dia, já não é como antigamente, que era aos gritos, aos berros, era num puxar os colarinhos que se ajudava. Acho que agora é de outra forma. Acho que os jovens estão mais atentos, vêem mais do que ouvem, acho que é isso. Ou seja, podemos estar ali aos gritos, mas eles não ouvem tanto e acho que se for uma coisa que eles vejam, olhem, vai ajudar mais. Juntamente com o lote de capitães que temos aqui, acho que somos os 4 um bocadinho a esta imagem. Tentamos agregar ao máximo o plantel e nesta época acho que fomos bastante influentes nisso, ao juntar o grupo e acho que os resultados estão a vista."

Relação com António Salvador: "Temos boa relação, podemos dizer que temos uma boa relação. Acho que nunca... Acho que nunca... Há momentos mais... Acho que isto acontece com todos os jogadores. Mas são momentos que passam. Acho que todas as coisas têm que ficar resolvidas. Por isso acho que posso dizer que tenho uma grande relação com o presidente e todos os problemas, entre aspas, que tivemos foram ultrapassados e hoje em dia damos-nos bem. "

Lidar com as palavras do presidente: "Sim, eu acho que já tenho a vontade para lhe dizer algumas coisas. Às vezes há coisas que ele diz que eu não concordo, coisas à equipa que ele diz que eu não concordo e às vezes tenho que lhe chamar um bocadinho à razão e dizer-lhe: 'Presidente, isto não é assim'. Principalmente, temos uma equipa do outro lado e digo muitas vezes: 'Presidente, está uma equipa do outro lado que também quer jogar e também quer ganhar, a gente não joga sozinhos'. E acho que é mais por aí, mas ele dá-nos todas as condições. Estamos aqui na cidade desportiva, que é uma das melhores da Europa e que nos dá todas as condições para a gente no campo fazer o nosso melhor."