— Os portugueses vão dar-lhe um voto de confiança depois desta vitória?

— Tivemos uma festa de futebol e isso é o importante. A Seleção não é para crítica ou debate do selecionador, é para estarmos orgulhosos e desfrutarmos dos jogadores que temos. Vimos uma mistura de gerações. Bernardo Silva com 100 jogos, Quenda no banco. O balneário é muito especial. Queria dizer ao povo português que deve estar muito orgulhoso da equipa. É isso, estávamos aqui para ganhar a segunda parte, o jogo na Dinamarca não correu bem, aceitámos isso, mas hoje utilizámos a vantagem de jogar perante os nossos adeptos, a quem dou os parabéns por terem criado um ambiente especial que ajudou muito. Fizemos um jogo que me deixa muito satisfeito. Os jogadores que entraram mostram o trabalho feito durante dois anos, não apenas nos últimos dois dias. Marcar cinco golos é sempre importante. O nosso desempenho foi muito bom e limpámos totalmente a exibição da Dinamarca. O selecionador, o debate… é uma crítica que não faz sentido.

— A entrada de Trincão, Diogo Jota e Gonçalo Ramos foi determinante para a vitória. Não teria sido a altura certa para lançar o Quenda?

—[Risos] Primeiro queria dizer que o futebol moderno mudou muito Há dez ou seis anos falávamos sempre do onze inicial. As equipas, hoje, não são o onze inicial. Há um onze inicial e um onze que termina. E depois há jogadores que continuam a mostrar competitividade e é importante ajudá-los no espaço da Seleção. Não é fácil. Geovany Quenda está a trabalhar muito bem, a crescer muito, tem um potencial incrível, mas gosto dos jogadores que dão tudo aquilo que esperamos de quem está na Seleção, os valores, a luta. Não é a primeira vez que os jogadores que entram fazem a diferença. Isso mostra os valores do balneário. Ver Geovany Quenda desfrutar da festa, aprender com os jogadores que têm 100 internacionalizações é ouro futebolístico. Estou muito satisfeito pelos jogadores que começaram, pelos que jogaram na Dinamarca e por aqueles que estão a mostrar as qualidades para o futuro.

— Quem entrou mostrou-lhe que terá dores de cabeça da próxima vez que tiver de escolher um onze inicial? Concorda?

— Concordo, mas o futebol é isso. Criar um ambiente competitivo. Temos isso. Já utilizámos 42 jogadores. Não estamos a falar de 10, estamos a falar de um grupo aberto, com diferentes gerações, precisamos de criar isso, é o futebol que ajuda a essa escolha. Isso prova que o balneário é forte, trabalha bem e o compromisso é total. Essas são as dores de cabeça que o selecionador gosta de ter.

— Renato Veiga e Pedro Neto foram titulares na Dinamarca, desta vez ficaram na bancada. Trincão entrou muito bem. Como explica essa gestão?

— Pedro Neto jogou em setembro 45 minutos e 45 minutos, no estágio seguinte fez um jogo, depois um jogo, neste um. Não há nada diferente. Gerimos os jogadores em função do número de jogos em três dias. Temos mais que 23 jogadores. O fácil para o selecionador é ter 23 jogadores e já está. A minha responsabilidade é criar um ambiente competitive e utilizar os jogadores que precisamos. Isso não é novo. O Chico [Francisco Conceição] voltou de uma lesão e não pode fazer dois jogos em 72 horas, Renato Veiga voltou de uma lesão e está apto para fazer um jogo. Todos os jogadores têm uma história quando chegam à Seleção. A minha responsabilidade é utilizá-los de forma correta.

— Esta passagem às meias-finais merece ser celebrada? Há quem tenha receio de que possa maquilhar as dificuldades e problemas desde que está na Seleção. Sente que Portugal melhorou em dois anos?

— Em dois anos perdemos dois jogos oficiais [Portugal, com Martínez, perdeu também particular com a Croácia, ndr]. E um deles, com a Geórgia, em que já estávamos apurados e primeiro do grupo. Em dois anos, 28 jogos oficiais e uma derrota. Não há muitas seleções a nível mundial assim.

— Era necessário sofrer tanto?

— Você sofreu?

— Sofri.

— Eu desfrutei. O futebol é isto não há jogos fáceis. Já viu os outros quartos de final? Alguém sofreu? Penáltis. A Dinamarca fez m bom jogo, fomos superiores. Se não gosta de sofrer não deveria acompanhar o futebol.

Vitinha fez dois grande jogos, deu-lhe forte abraço quando ele saiu. O que lhe disse?

— Partilhei coisas importantes. Vitinha cresceu muito nos últimos dois anos. É uma satisfação. Foi um comentário pessoal, nosso, mas foi para valorizar o trabalho dele, o que está a fazer e dizer-lhe que estamos orgulhosos dele. Mas ver o jogo do Bernardo Silva, a liderança do Rúben Dias... Mas foi um comentário pessoal que não posso partilhar.

— De 0 a 10 que nota daria à exibição?

— Isso não é assim. Uma nota é subjetiva, há muitos aspetos. A exibição taticamente foi muito boa. Mudou totalmente em relação ao jogo de Copenhaga. Não tivemos um problema na zona central. Ganhámos, sofremos um golo num erro, mas a nossa atitude foi de equipa ganhadora, com aspetos bons e menos bons, mas o mais importante é ganhar e continuar a crescer.

— Como viu o jogo da equipa depois da saída de Cristiano Ronaldo? Jogou melhor?

— Isso não é... Via a equipa totalmente igual. Cristiano fez um bom jogo, Gonçalo Ramos quando entrou também. Não vi diferenças.

— É importante a Seleção ganhar e dar a volta a algumas situações sem Cristiano Ronaldo em campo?

— Mas Ronaldo foi muito importante. Diogo Jota e Trincão foram essenciais. Hoje vimos uma Seleção com brilho, qualidade, com valores incríveis, não precisamos de avaliar ou rever um jogo que não foi assim. A equipa continua a mostrar uma ideia muito clara.