![Rubiales não muda a versão do beijo a Jenni Hermoso: «Foi um ato de carinho»](https://homepagept.web.sapo.io/assets/img/blank.png)
Ao sexto do dia do julgamento de Luís Rubiales por assédio sexual e tentativa de coação à jogadora Jenni Hermoso, o antigo presidente da Federação Espanhola de Futebol testemunhou Tribunal Nacional de Madrid. Luis Rubiales afirma que pediu permissão à avançada de 34 anos para lhe dar um beijo durante a cerimónia das medalhas da final do Mundial 2023, como forma de a animar pelo penálti falhado na vitória pela margem miníma frente à Inglaterra (1-0).
«Quando a Jenni se aproximou de mim fez uma careta, porque ela tinha falhado um penálti, foi duro para ela. Eu disse a ele: 'Esquece o penalti.' Somos campeões. Sem ti não teríamos conseguido alcançá-lo. Aí ela apertou-me com muita força nas axilas, levantou-me e quando caí perguntei-lhe: 'Posso dar-te um beijo?' e ela disse que sim. Foi-se embora a rir a dar-me palmadinhas nas costas», afirmou Rubiales, negando qualquer conotação sexual por detrás das suas ações.
«Quando nos íamos beijar, depois de ela me dar premissão, agarrei-lhe a cabeça. A questão, a resposta e o beijo foram simultâneos. Foi algo completamente espontâneo. Tu não ganhas o mundial todos os dias», defendeu o antigo dirigente. Luís Rubiales admitiu ainda que se deixa levar pela emoção e pelas «circunstâncias especiais» : «Aconteceu-me o mesmo com colegas de equipa, quando jogava no Levante e ganhámos no Bernabéu.»
«Estive mal porque eu era presidente da RFEF, comportei-me como um atleta que faz parte do grupo e devia ter mantido a mesma compostura, mas daí até ser crime...», admitiu. Ainda assim, Rubiales considerou que o beijo, na sua ótica consentido, não é abrangido pela política de assédio da federação espanhola, que apenas investiga «ações forçadas«: «Foi um sinal de carinho com uma pessoa que inspira muita ternura em mim e que estava triste por ter falhado o penálti.»
O antigo presidente da Federação Espanhola, que esteve no cargo entre 2018 e 2023, vincou ainda que mantinha uma relação especial com Jenni Hermoso, mas defende que atleta mudou a sua versão dos acontecimento: «Ela estava contente, a saltar de alegria, não a vi chorar ou a dizer-nos alguma coisa, esteve sempre bem. Quando chegou, ela fez uma declaração pública a dizer que era uma questão anedótica. Dias depois, mudou a sua versão».
«Também podia beijar muitos jogadores»
O antigo dirigente refutou depois a acusações de machismo, afirmando que não teria em fazer o mesmo com um jogador: «Faria o mesmo, dependendo do facto de se tratar de um jogador de quem eu fosse amigo ou não. Na seleção nacional feminina havia jogadoras de quem eu era muito amigo e uma delas era a Jenni Hermoso.»
«Não se ganha um Mundial todos os dias, não se pode aplicar a normalidade quando se vence um Mundial. Quando há uma situação destas, até já me aconteceu algo semelhante com colegas de equipa. Lembro-me de ser jogador do Levante quando ganhámos ao Real Madrid e noutras ocasiões semelhantes, mas não se trata de algo habitual», afirmou também.
O arguido foi ainda confrontado com o facto de não ter feito isso mesmo quando a seleção espanhola masculina ganhou a Liga das Nações, também em 2023: «Não se pode comparar um Mundial com uma Liga das Nações. Eu também podia beijar muitos jogadores. Se um deles tivesse falhado um penálti e depois ganho um Campeonato do Mundo, seria uma possibilidade.»