
As próximas eleições aos órgãos sociais do P. Ferreira vão ter dois candidatos à liderança do clube. Pedro Andrade foi o primeiro a assumir a intenção e esta sexta-feira, na data limite de apresentação das listas candidatas, foi a vez de Rui Abreu também apresentar os nomes para entrar na disputa à sucessão de Paulo Meneses.
Em conversa com Record, Rui Abreu explicou os motivos que o levaram a avançar com a candidatura.
"O que acabou por me mover foram essencialmente as pessoas. Nas últimas horas, recebi muitas mensagens, muito incentivo para avançar com uma lista à presidência do Futebol Clube Paços Ferreira. Quem me conhece sabe que este é um sonho que eu tenho desde pequeno. Confesso que não estava nos meus planos fazer esta candidatura tão cedo, até porque trabalhava em outro clube [Rio Ave]. Por isso, se calhar este não seria o timing mais indicado a nível pessoal, mas acabei por ser sensível a muitos contactos que me foram feitos e, depois de refletir muito com a minha família, tomei a decisão de avançar com um projeto que me dá alguma segurança para que eu possa acrescentar algo ao P. Ferreira."
E quais é que são as linhas principais da candidatura?
"O P. Ferreira atravessa uma situação complicadíssima, quer ao nível financeiro, quer ao nível desportivo, isso é inegável. O que eu quero trazer com esta candidatura, para além do debate natural do futuro do clube, é encontrar uma solução imediata e que possa ajudar o clube, no fundo, a manter-se competitivo nos próximos anos. Obviamente que tudo isto terá que ser devidamente apresentado aos sócios, não irá existir qualquer tipo de informação ocultada. Tudo vai ser presente aos sócios nos próximos dias. Hoje estamos apenas a cumprir aqui o formalismo da entrega de listas, mas é nosso intuito apresentar muito em breve aos associados todas as linhas do nosso projeto que, e não fugindo nem estando aqui com subterfúgios, inclui a presença de um investidor."
Pode adiantar alguma coisa relativamente a esse investidor?
"Neste momento não o posso fazer, por questões contratuais, mas todos os trâmites do negócio serão revelados aos associados antes das eleições e depois, claro, os sócios poderão votar. Isto não é o Pedro [Andrade] contra o Rui [Abreu], isto é uma ideia contra outra ideia e, portanto, aquilo que eu espero é que haja nível nestas eleições, que as pessoas possam perceber que nós estamos aqui a representar, no fundo, uma ideia para aquilo que queremos que seja o melhor para o nosso clube. No dia que o Pedro tomar conta, vai querer certamente o melhor para o clube. Se for eu a tomar conta, vou querer certamente o melhor para o clube."
A questão de existir um investidor vai também levar a mudanças na gestão da sociedade?
"A solução não passa por uma SDUQ. Estamos ainda a averiguar questões mais técnicas, mas será entre uma SDQ ou uma SAD, mas não estamos a falar de SDUQ."
E relativamente à equipa que compõe a lista, existem elementos que já fazem parte da atual direção ou existe uma mudança?
"Sim, existem elementos da atual direção que fazem parte da minha lista. Obviamente que há aqui uma preocupação em trazer gente nova para a direção. São desafios novos, são tempos novos aqueles que se vivem. Obviamente que, e também para não se andar aqui a alimentar tabus, o Presidente cessante, o Dr. Paulo Meneses, não está presente na lista. Não está presente na lista um Carlos Carneiro, como andam a referir. Portanto, obviamente que o meu braço direito e esquerdo neste projeto para o Dr. Álvaro Martins, que já fazia parte da direção cessante."
Quem são os nomes para a liderança da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal?
"Os presidentes para a Assembleia Geral serão o Dr. Sousa Carneiro e para o Conselho Fiscal, o Sr. José Fernando Barbosa."
A solução não passa por uma SDUQ
Rui Abreu
Candidato
Quais são os maiores desafios se for eleito?
"O passado do Paços é algo que nos deve orgulhar, mas não nos deve limitar. Eu vivi muito do que foi o sucesso desportivo recente do clube como adepto, também como diretor e como funcionário, mas a verdade é que nós temos que olhar para o Paços de uma maneira diferente. Eu, pela questão profissional, estive envolvido em contextos diferentes e, por ter estado cá no clube e por ter estado noutra instituição, consigo perceber as diferenças e porque é que o Paços atravessa hoje tantas dificuldades ao nível desportivo, que no fundo não são mais as mesmas. Não são mais do que o reflexo das dificuldades financeiras que o clube atravessa. Eu não venho vender sonhos. Os adeptos do Paços têm que estar muito cientes disto. Não venho aqui prometer subidas de divisão, não venho prometer nada. O que eu venho prometer é dignidade naquilo que é o trabalho em prol do P. Ferreira, que é isso que quem se candidata deve ter como primeira linha de pensamento. Obviamente que se as coisas se proporcionarem para tal, nós trabalharemos para que o Paços possa estar nos maiores patamares desportivos possíveis, mas não vamos estar aqui com comparações do passado."
E o projeto de Rui é um a breve prazo, a longo prazo? Existem metas definidas para isso?
"Uma vez apresentado o projeto, aquilo que queremos fazer é, o mais breve possível, dar seguimento a esse mesmo projeto. Nós queremos trabalhar desde o primeiro dia. Se formos eleitos, trabalharemos desde o primeiro dia para que os problemas que o Paços enfrenta hoje comecem a ser solucionados."
Quer deixar uma mensagem aos sócios para um momento importante que é de próximo dia 21?
"Antes de dia 21 queria apelar a todos os sócios do Paços que estivessem em peso em Vizela. É importante estarmos com a nossa equipa, independentemente de apoiarmos o candidato A ou o candidato B, a ideia A ou a ideia B. O importante aqui é nós estarmos com a nossa equipa, com os nossos jogadores, com aquilo que no fundo todos nós gostamos. Para mim, o primeiro apelo que faria era esse, era de estarmos em peso em Vizela. Vai ser um jogo muito complicado contra uma equipa que está bem e os nossos rapazes precisam do nosso apoio. Relativamente às eleições, aquilo que eu peço às pessoas é que se informem. Eu sou uma pessoa extremamente acessível. As pessoas podem colocar-me todas as questões e mais algumas. É minha vontade organizar ainda na próxima semana, terça e quarta-feira à noite, uma sessão de esclarecimento para que os sócios possam tirar todas as dúvidas que possam ter relativamente a isso. No final, há que existir essencialmente respeito uns pelos outros. Com certeza que o Pedro saberá respeitar-me. Eu irei naturalmente respeitar o Pedro, que merece toda a minha consideração, porque num momento como este, e eu sei o sacrifício pessoal que estou a fazer para estar a assumir esta candidatura, percebo que para o Pedro também seja bastante complicado. E portanto, no final do dia, aquilo que ambos queremos é que o Paços cresça e saia deste buraco negro onde infelizmente caiu."