
Depois da vitória em Alvalade sobre o V. Guimarães (2-0), que garantiu o bicampeonato ao Sporting, Rui Borges mostrou-se orgulhoso nos seus jogadores e, visivelmente emocionado, deixou um abraço a João Pereira e Ruben Amorim e frisou que o seu maior desejo era ter os pais a assistir a este momento no estádio.
O guião estava escrito? Foi um capítulo final perfeito? "É indescritível. Disse, desde o dia em que cheguei aqui, e quando perdi a Taça da Liga, que é muita crença. Tem sido esse o caminho da equipa técnica, acreditar sempre. É o culminar de um grande trabalho, grupo e staff. Toda a gente da estrutura, da Academia, desde a malta que liga a rega, à malta da cantina, toda a gente. Os seguranças são fantásticos. Este grupo merecia muito. Acreditou sempre, mesmo perante todas as dificuldades. O grupo manteve-se unido, coeso, a acreditar. E o acreditar deste grupo só podia acabar assim".
Estreou-se aqui frente ao Benfica. De lá para cá, tudo isto aconteceu. Era o que tinha idealizado? "Claramente que sim. Desde que falei com o presidente no primeiro momento, acreditei muito. Era o concretizar de um sonho, um caminho onde trabalhámos. Chegámos aqui pelo trabalho, resiliência. Pela competência. Uma equipa técnica completamente desconhecida. Não fui um grande jogador, não estudei. Sou apenas o Rui Borges, deram-nos oportunidades pelo trabalho. É o culminar de um sonho e agora é levantar a cabeça e seguir. Há mais um troféu para disputar. É um mix de emoções, mas não poderia estar mais feliz. E a felicidade deles, acima de tudo, é o que me deixa mais feliz".
De Mirandela para o topo do futebol português... Sabe a quê? "Sei lá, nem eu sei dizer... Nunca olhámos para o que o futebol dá em termos de dinheiro. Somos uns sortudos. É mesmo a felicidade de fazer o que gostamos, a ambição de chegar aqui. Quero deixar um beijo aos meus pais, à minha mulher, ao meu filho e família. O meu maior desejo era que os meus pais se sentissem orgulhosos do filho. Infelizmente não estão cá. É um grupo inacreditável. Pessoas de outros clubes a querer torcer por alguém que é da terra. Para mim, é o maior troféu que posso ter. O reconhecimento dos que sofreram connosco, batalharam connosco. Sou apenas o Rui Borges de Mirandela, um rapaz que acreditou num sonho e foi trilhando o seu caminho com mérito, competência e trabalho".
É a primeira vez que o Sporting é campeão com 3 treinadores diferentes numa temporada... "Difícil é sempre, seja em que aspeto e momento for. As pedras fazem parte do caminho e temos de saber lutar com elas. Deixar um abraço ao João e ao Ruben, fazem parte desta vitória e deste campeonato. Fizeram por isso e são merecedores. Jamais olharia para esta oportunidade como uma forma de ter problemas. Olhei para ela com a maior felicidade do mundo. O culminar de um trabalho desde baixo. A maior felicidade que tenho é treinar o Sporting. Alguma vez os problemas que iam aparecendo iam travar o nosso desejo? Digo muito que é difícil travar quem nasceu para vencer. E eu venci, vou vencendo todos os dias".
Há mais de 70 anos que o Sporting não era bicampeão. Agora é a dobradinha? "Agora é desfrutar e depois vemos o jogo da Taça. É aproveitar esta felicidade e alegria que bem merecemos".