Saviola é um dos nomes mais acarinhados no universo benfiquista, tendo jogado de águia ao peito entre 2009 e 2012. Atualmente comentador desportivo, antes de chegar à Luz El Conejo também viveu tempos áureos ao serviço do Barcelona (de 2001 a 2004 e em 2006/2007).

A BOLA falou com o argentino, que, questionado sobre por quem está a torcer que vença esta eliminatória, foi claro: «Tenho o coração dividido, porque tanto no Barça como no Benfica ofereceram-me muitas coisas, muito respeito, muita felicidade por parte dos adeptos do Benfica e no Barcelona foi igual. Sinceramente, vou sentar-me, vou ver o jogo e vou desfrutar de um grande jogo.»  

Sendo um jogo decisivo em que o Benfica tem obrigatoriamente de ganhar, depois da desvantagem na primeira mão, na Luz, em que perdeu por 0-1, Saviola acredita na capacidade da equipa de Bruno Lage: «Após o primeiro jogo [fase de Liga] e no último também, o Benfica jogou muito bem contra o Barcelona e, sinceramente, acho que têm possibilidades de seguir em frente. O Benfica é uma equipa tremendamente competitiva, que jogou de igual para igual para o Barça e, por momentos, até colocou o adversário em dificuldade. Acho mesmo que tem capacidade para dar a volta à eliminatória.» 

Esta equipa joga muito bem, faz-me lembrar quando jogávamos com Jorge Jesus

Contudo, ressalva, não serão favas contadas: «Sabemos que vai ser complicado, muito difícil, porque o Barcelona está com vantagem, tem jogadores decisivos, muito rápidos, que saem muito bem no contra-ataque, mas, como já disse, vejo o Benfica muito competitivo, rápido, com muita técnica, jogadores que, como vimos, atacam muito bem e defendem também, tendo em conta o Lamine e outros jogadores mais decisivos do Barcelona nestes últimos jogos.» 

Instado a dar a receita aos encarnados sobre como podem travar o carrasco Raphinha, que, recorde-se, marcou os golos duas vitórias que os catalães já somam esta época frente às águias, Saviola foi realista: «É muito difícil... Muito complicado, mesmo. Neste momento, o Raphinha e o Yamal são os dois melhores jogadores do Barcelona, sem dúvida.» 

«Sabíamos que era um fenómeno»

Saviola foi adjunto de Óscar López nos juvenis A do Barcelona, onde treinou nada mais nada menos do que Lamine Yamal.  

A BOLA questionou-o sobre se já nessa altura havia sinais da ascensão do ainda adolescente (tem 17 anos), se já se adivinhava.

«Tive a oportunidade de treiná-lo, tinha ele 15 anos, e já notávamos que era um jogador diferenciado, de nível mundial, e sabíamos que se transformaria num dos grandes no futuro. Realmente foi um privilégio poder polí-lo, poder dar-lhe as ferramentas suficientes para, quando chegasse à equipa principal, ter maturidade e bem patente os valores da Masia e do Barça, que são humildade, disciplina, esforço; sabíamos que era um fenómeno que tínhamos ali», realça.  

Desafiado a dar um conselho ao Benfica para poder ganhar ao Barcelona, o argentino atirou: «O que posso dizer é para aproveitarem o momento. Se o Benfica jogar como fez nos jogos anteriores contra o Barcelona, em que por momentos lhe criou dificuldades... que tenham determinação. Sinceramente, cada vez que vejo um jogo do Benfica e do Barcelona divirto-me, sinto prazer em assistir e isso é um bom sinal.» 

O Benfica é tremendamente competitivo, pode dar a volta à eliminatória

Saviola diz acompanhar regularmente os jogos do seu Benfica, que até sofre nalguns, mas destacou que tem gostado muito do que a equipa de Bruno Lage tem vindo a fazer e que o leva a recordar tempos idos, de quando era orientado por Jorge Jesus.   

«Tem jogadores muito desequilibradores, que jogam muito bom no futebol, faz-me lembrar quando jogávamos com Jorge Jesus, um futebol incrível. Tem jogadores com uma técnica incrível, com grande espírito de entreajuda», afirma.  

A finalizar, Saviola deixou também uma palavra de apreço e conforto a um compatriota: «Esperemos que o angelito Di María possa voltar o mais rápido possível,  para poder juntar-se aos restantes  jogadores, porque a equipa precisa dele.»