A tenista Ons Jabeur, 36.ª do ranking WTA, não passou muito tempo em Paris e menos ainda em Roland Garros, tendo sido afastada na primeira ronda (7/6 e 6/0) por Magdalena Frech.

Porém, a tunisina esteve no torneio tempo suficiente para lançar a polémica e abrir a discussão sobre as sessões noturnas, um velho tópico de discórdia, sobretudo porque estão normamente reservadas para as estrelas do ranking masculino e não para as protagonistas do WTA. Ons Jabeur questionou o tratamento dado às mulheres, constantemente excluídas do horário nobre do torneio, que tem na ex-tenista francesa Amélie Mauresmo a diretora.

«A muitas desportistas de alto nível disseram sempre a mesma coisa: que ninguém vê, que ninguém se importa, que o desporto feminino não mexe. Os preconceitos vêm de quem nunca viu um jogo. Um estádio vazio é considerado uma prova. E os estádios cheios? Ignoram-se! Convenientemente. Um erro torna-se manchete. E as centenas de jogadas brilhantes? São esquecidas. Mas elas existem. Mas elas competem. Mesmo assim, carregam um desporto às costas. Quando uma mulher ganha por 6/0, dizem que é 'aborrecido'. 'Demasiado fácil'. E quando é um homem? Isso é 'domínio'. 'Força'. 'Imparável'. Quando as mulheres jogam com potência, dizem que 'jogam como homens'. Como se a força, a velocidade ou a agressividade não pertencessem ao jogo feminino. Se celebram, são dramáticas. Se não o fazem, são frias», desabafou a tenista tunisina que já foi n.º 2 do Mundo, quando, em 2022, chegou à final de três Grand Slams e venceu o Open de Madrid. «É uma vergonha».

Não é de agora que a tunisina se envolve em temas extra-desporto. Há um mês, a atleta que apoia publicamente a Palestina diz já recebeu várias mensagens de ódio por causa disso. «Já me chamaram terrorista tantas vezes. Não percebo a relação, estou só a tentar ajudar as pessoas, especialmente as crianças que morrem à fome», argumentou a tenista de 30 anos que colabora com o Programa Mundial de Alimentos da ONU.

«Quando se fecha a fronteira e tenta matar crianças e muitas outras pessoas de fome, isso é muito desumano. Estamos em 2025 e não posso acreditar que isto esteja a acontecer», disse Jabeur numa entrevista à WTA. «Um homem na Palestina perguntava: 'Somos humanos?' Só fazer esta pergunta mostra o inferno que estão a viver», acrescentou.