
— Não da maneira que quereria, mas uma vitória muito importante. Concorda que a primeira parte não foi tão bem conseguida?
— Sim, um jogo onde o Gil foi feliz praticamente no único lance que teve junto da nossa baliza. É um lance em que o jogador vai para a linha do fundo, não tem ninguém na área quando cruza. Poderíamos ter tido outra leitura. É a infelicidade do jogo. O golo deixou-nos algo nervosos, algo tensos. Isso foi demonstrativo na primeira parte. Falhámos alguns passes, insistimos em algumas tomadas de decisão sem necessidade. Notou-se a equipa tensa até na reação à perda, estava presa, desconfortável e desconfiada derivado do golo cedo do Gil. Tentámos mudar um ou outro comportamento para a segunda parte para tentar tirar partido do pouco espaço que o Gil dava. O Gil jogou num bloco baixo na segunda parte, tínhamos de circular a bola mais rápido, encontrar zonas interiores e tomar decisões muito acima da média para não permitir contra-ataques. Conseguimos reagir melhor, instalar o jogo no meio-campo do Gil. Foi um jogo difícil. Com o passar do tempo, enfrentámos um bloco baixíssimo, com pouco espaço, tínhamos de ter muito cruzamento e muita bola na área. Tentámos mudar com as substituições, meter mais homens de ataque e com tomada de decisão no último terço. A equipa foi crescendo, acreditou sempre e o acreditar levou-nos a uma vitória que é justa, apesar de tudo.
— Hjumand ficou de fora das opções. Em condições normais, Hjulmand faz mesmo a diferença em campo?
— É escusado falar do que é o Morten. É um jogador importantíssimo com e sem bola. A sua presença em campo faz a diferença, não só para nós como para o adversário. Foi algo dialogado e entre todos optámos por não colocá-lo [de início]. Houve necessidade de o colocar e ele deu-nos tranquilidade com bola quando entrou. Entrou sereno, equilibrado e com personalidade. Mesmo sob pressão, dá qualidade com bola e ajudou a tranquilizar a equipa. A segunda parte foi jogada praticamente no último terço do Gil, não deixámos sair, estivemos muito bem nas transições defensivas, na reação à perda, no correr para trás. A equipa foi muito competitiva, esteve muito ligada, sempre a acreditar e só poderia ser feliz.
— Jogo com o Benfica é decisivo. Esta intranquilidade que se sentiu é algo que tem de ser trabalhado?
— Não, nada disso. Não olho dessa forma. Temos vindo num acumular de jogos muito bom. A equipa ficou intranquila com o golo inicial e gerou-se alguma desconfiança. Mas isso acontece em todas as equipas, é normal. Não vamos estar em todos os jogos ligados a 100 por cento. Importa-me frisar a alma que a malta teve até ao fim, a alma que os adeptos. Eles acreditaram tanto como nós que íamos dar volta. A vitória acabou por cair para o nosso lado. Era justíssima, mesmo sem o fulgor dos outros jogos. O Gil veio com um bloco muito baixo, sobretudo na segunda parte. Acredito que se o Gil tivesse a mesma atitude competitiva que teve hoje em outros jogos, teria mais pontos com toda a certeza. Mas isso são outros quinhentos. Importa frisar a alma que todos tiveram. É este acreditar que temos desde o início.
— Deu um sprint até ao outro lado do campo depois do golo. Sentiu que tinham de estar todos juntos naquele momento?
— É isso que este grupo tem sido. É um grupo incrível e nada vai apagar isso. Acredito mesmo que vamos ser felizes, eles merecem. O grupo é incrível. Hoje mostrou o quão incrível é. Não é só o ambiente da equipa, é da estrutura, da equipa, dos adeptos, de toda a gente. Tem sido incrível, a chegada, a saída da Academia, malta na rotunda da autoestrada. É impossível não sentirmos a energia positiva que há no Sporting.
— O presidente do Benfica ontem falou sobre arbitragem. Teme que possa haver alguma pressão extra?
— Não. Caso contrário, hoje teria de falar tinha de falar das faltas e faltinhas. Estou focado no que controlamos, vamos apresentar-nos da melhor maneira para seguirmos o nosso caminho.