
A discussão do Most Valuable Player (Jogador Mais Valioso) da NBA faz-se, indubitavelmente, a duas vozes. Shai Gilgeous-Alexander (SGA) e Nikola Jokic possuem números que os afastam de todos os outros candidatos, por uma larga vantagem. As opiniões dividem-se e, de momento, temos uma das mais acesas disputas pelo prémio de MVP dos últimos anos.
Com o dia das votações cada vez mais próximo, a “campanha eleitoral” para ambos os candidatos vai crescendo. Ora, o que não faltam são argumentos a favorecer a narrativa do sérvio e do canadiano. Por isso, passarei a enumerar alguns deles.
Argumentos favoráveis a Jokic
O que Nikola Jokic está a fazer é impressionante. Posiciona-se, a meu ver, de forma isolada enquanto o melhor jogador ofensivo da NBA, pela sua capacidade de produzir para si e para os colegas, bem como de governar todas as dinâmicas. Quem sabe, até, um dia chegar às conversas dos melhores de sempre a comandar um ataque.
Quando o center não está em campo, os Denver Nuggets registam uma desvantagem de três pontos perante o adversário. Ora, o facto de se tornarem numa equipa abaixo da média da liga torna o impacto de Jokic ainda mais impressionante quando colocado em perspetiva com o seu “rival”: sem SGA, os Oklahoma City Thunder prevalecem com uma diferença pontual positiva, mesmo que de um ponto apenas.
Dados relevantes:
- Regista, de momento, uma média de triplo duplo (a terminar neste registo, será o terceiro de sempre a fazê-lo);
- Encontra-se no top-3 das três principais categorias estatísticas (terceiro em pontos, segundo em assistências e terceiro em ressaltos);
- É o sexto jogador na história a aumentar os seus pontos, ressaltos e – assistências no ano após vencer o MVP;
- Lidera a liga em contribuições para cesto (pontos seus e os resultantes da sua assistência), com 55.9.
Argumentos favoráveis a Shai Gilgeous-Alexander
Não haverá argumento mais relevante para a campanha de SGA do que o facto de liderar a equipa mais jovem da NBA ao primeiro lugar no Oeste – e quem sabe, da Liga. Fá-lo, até, pelo segundo ano consecutivo e, em 2024/2025, por uma margem significativa: os OKC têm mais 13 vitórias que o segundo classificado na conferência (precisamente os Nuggets).
Mais que isso, assistindo às prestações do camisola dois apercebemo-nos que ninguém tem capacidade para o impedir de marcar. Aliás, os números confirmam isso mesmo: lidera a NBA em encontros com mais de 20, 30, 40 e 50 pontos). Em muitos casos, não termina com uma stat sheet mais preenchida porque descansa no último quarto. Mais que isso, SGA nem sequer está no top-25 de mais toques por jogo, algo que tornam os seus números ainda mais impressionantes.
Vale, também, ressalvar o impacto defensivo do base. As suas características encaixam-se perfeitamente no sucesso defensivo dos Thunder, a melhor defesa da NBA. Não fosse Dyson Daniels, com três por jogo, Shai seria o líder em roubos de bola por partida (som 1.8 steals por confronto).
Dados relevantes:
- Líder pontual, com 33ppj;
- É o sétimo na história a ter mais de 60 jogos com pelo menos 20 pontos (tem 65);
- É o segundo jogador (a par de Michael Jordan) a conseguir mais de 40 partidas com +30 pontos em três temporadas consecutivas;
- É o único jogador da NBA no top-6 de rating ofensivo e defensivo;
- É o quinto jogador da história a somar +30ppj e a vencer mais de 80% dos encontros. Kareem Abdul-Jabbar (1971), Michael Jordan (1991 e 1996) e Stephen Curry (2016) constituem esta categoria e, quando o fizeram, venceram o MVP.
E agora? Em que ficamos?
Tudo bem aberto. As últimas semanas da fase regular serão determinantes para colocar um ponto final da discussão. Ainda assim, manter os registos de quase 70 jogos na reta final não será a tarefa mais difícil para Shai e Jokic, por isso, vale situarmo-nos no panorama atual para determinar um frontrunner na discussão.
Prevejo que muitos fatores serão levados em consideração no instante das votações. Fatores esses que podem vir a beneficiar SGA. Falo das vitórias do Thunder, sendo líderes totalmente isolados na conferência Oeste, e, principalmente, de um aspeto que demarca significativamente este tipo de decisões: a fadiga no voto.
Ver Jokic a vencer o seu quarto MVP não será bom para a imagem da NBA e, certamente, que a liga achará isso mesmo. A qualidade é inegável, mas tal argumento desenvolve-se pela personalidade pouco cativante para o marketing da instituição. Shai surge como uma alternativa para renovar o “líder de cartaz”, com um estilo de jogo muito elegante e, por isso, perfeito para cativar o olho alheio.
Na verdade, por tudo aquilo que tem vindo a demonstrar, coroar Gilgeous-Alexander com a distinção mais alta entre atletas seria bastante justificável. Aliás, o próprio adversário admite isso mesmo.
No entanto, aquilo que Jokic está a fazer, sendo a melhor temporada da sua já excelente carreira, coloca o poste ligeiramente à frente na discussão.
A preponderância que Nikola tem para o ataque em Denver, sendo o líder isolado em toques por jogo da competição, atinge níveis nunca antes vistos. O ataque passa incontornavelmente pelas mãos e pela mente de Jokic e, sempre que isso acontece, o resultado é sinónimo de sucesso. A partir do high post, habitat natural do número 15, o esférico pode atingir qualquer ponto da quadra, tudo numa materialização da criatividade e qualidade de distinguem o seu jogo dos restantes.
Ora, entendo perfeitamente que o voto seja dirigido a Shai Gilgeous-Alexander. Contudo, por tudo apontado neste artigo, o meu vai para Nikola Jokic.