
O julgamento da Operação Pretoriano prossegue e atingiu novo ponto de interesse esta segunda-feira. O responsável por liderar a operação que desmascarou o esquema que envolvia a claque Super Dragões, Dennis da Cruz, foi ouvido no Tribunal de São João Novo. O subintendente da Polícia de Segurança Pública (PSP) providenciou os detalhes da operação que levou à detenção de vários suspeitos, inclusive Fernando Madureira, líder da referida claque e o único dos arguidos que permanece em prisão preventiva.
Dennis da Cruz não esteve fisicamente presente em tribunal, pelo que a juíza responsável pelo processo e a restante sala o ouviram através de vídeoconferência. Durante a intervenção, o subintendente revelou que a PSP possui informadores dentro da claque e explicou os acontecimentos que levaram ao clima de terror que os associados portistas viveram na Assembleia Geral de 13 de novembro. E não deixou de fora nomes, nomeadamente os de Fernando e Sandra Madureira, a quem atribuiu a responsabilidade pelo sucedido.
«Iniciámos a investigação com uma equipa restrita. Avançámos em força e em segredo», disse o subintendente durante a quarta sessão do julgamento. O segredo, no entanto, ter-se-á estendido a três pessoas: André Villas-Boas, à data candidato à presidência do FC Porto, Henrique Ramos e Bruno Ramos, este último chefe da PSP e que marcou presença na AG enquanto sócio. Os três foram notificados pessoalmente pelo líder da operação e são considerados testemunhas chave.
No que toca aos acontecimentos propriamente ditos e ao que ocorreu na véspera, Dennis da Cruz não poupou o clã Madureira. «O que se passou foi o arregimentar [de apoiantes], com coordenação e liderança de Fernando Madureira. Queriam silenciar sócios legítimos, cuja única coisa que queriam era mostrar insatisfação. O motivo que levou àquele clima de intimidação foi uma hipotética candidatura de André Villas-Boas», disse.
«O senhor Fernando Madureira é o promotor dos factos ilícitos», acrescentou ainda o subintendente da PSP. Segundo o próprio, Fernando e Sandra Madureira orquestraram um esquema com o intuito de condicionar o clima em torno da AG.
Dennis da Cruz acusou ainda Madureira de ter arrebatado pulseiras de acesso à AG, em conluio com Hugo Polaco, e de ter recebido e distribuído cartões e números de sócio para incitar elementos a furar as filas. Descreveu também o clima vivido antes dessa mesma AG: «Havia um status quo onde imperava o medo. Nós tínhamos e temos informadores dentro dos Super Dragões. Referenciámos um conjunto de indivíduos e a operação policial que se desencadeou foi para repor o normal funcionamento das instituições, nomeadamente no FC Porto, para restabelecer a democracia.»
O subintendente da PSP acusou ainda Macaco de ter incitado à violência na referida reunião magna, através de um dos grupos de WhatsApp que constam da acusação: «Do dia 12 lembro-me do Fernando Madureira mandar mensagens a dizer 'leva tudo nos cornos', em referência à assembleia.»
Recorde-se que a Operação Pretoriano gerou um total de 12 arguidos, dos quais Fernando Madureira é o único em prisão preventiva. Estão acusados de 31 crimes, desde coação e ameaça agravada até à ofensa à integridade física. O julgamento teve início a 17 de março e prossegue, esta terça-feira, com a quinta sessão.