A relação entre FC Porto e Argentina é longa, feliz, bela e traz, certamente, belas memórias aos adeptos azuis e brancos. De Lucho González - El Comandante -, até Juan Esnáider, passando por Fernando Belluschi e Lisandro López. São mais de 40 os nomes com ligação à albiceleste e que vestiram a camisola listada do dragão.
Alan Varela, Nehuén Pérez e Martín Anselmi são os mais recentes exemplos desta especial ligação. Eis que, neste mercado de inverno, surgiu Tomás Pérez, a mais recente adição a este pequeno lote de representantes da nação tricampeã do mundo.
(Mais um) menino de Rosario
Tomás Pérez é um médio de apenas 19 anos, natural de Rosario e que pertencia aos quadros do Newell's Boys - clube onde Lionel Messi deu os primeiros toques na redondinha e clube do coração de Anselmi. O jovem argentino foi um dos destaques de uma aflita La Lepra - alcunha do clube -, que terminou a Primera División Argentina em 25.º lugar.
Começou o ano de 2024 no conjunto de reservas, mas 11 partidas chegaram para que Sebastián Méndez o fizesse estrear na equipa principal. No dia 23 de julho, frente ao Independiente Rivadavia, Pérez entrou aos 82 minutos e não voltou a abandonar o balneário dos «graúdos».
Depois da estreia participou em mais 17 partidas pelos rojinegros, onde conseguiu fazer um golo na derrota por 1-4 frente ao Estudiantes. O seu último jogo pelo conjunto argentino realizou-se no passado mês de dezembro, frente ao Boca Juniors - foi totalista - e no qual sofreu uma entorse no tornozelo, que o tem impedido de jogar em 2025.
É internacional pelas camadas jovens da seleção das pampas e participou nos jogos particulares realizados em outubro do ano passado pela equipa sub-20, comandada por Javier Mascherano.
Encaixe no modelo de Anselmi
A chegada de Martín Anselmi marca uma mudança brusca no estilo de jogo do FC Porto em relação aos últimos anos. O modelo de jogo utilizado por Sérgio Conceição durante as seis épocas em que comandou a turma da invicta serviram de inspiração para os meses que se seguiram com Vítor Bruno - ainda que com um apreço diferente pela posse da bola e da 'tentativa' de um futebol mais rendilhado.
O técnico ex-Cruz Azul veio para quebrar todas essas barreiras e impor a sua ideologia: defesa a três, utilização de avançados interiores, alas subidos, meio-campo a dois e a importância do 'líbero'. O 'líbero', para os românticos e estudiosos do desporto rei, era, até há uns anos, o defesa que ficava atrás dos companheiros sem responsabilidade de marcação direta dos adversários, mas sim preocupado com as dobras aos colegas.
Com a evolução do futebol, as armadilhas de fora de jogo e a maior preparação das equipas, essa posição foi extinta. Bem, caro leitor, extinta não, ela ainda existe, mas de forma diferente. «O líbero é uma função que existe tanto a defender como a atacar, tem de ser um jogador que, a partir de uma defesa a três, é capaz de entrar e sair no meio-campo de acordo com as dinâmicas e momentos do jogo», quem o diz é Anselmi.
«Tomás Pérez é um jogador com qualidade para fazer essa posição», confirmou o timoneiro dos dragões em plena conferência de imprensa. Tal confiança no perfil do argentino fez com que o zerozero quisesse aprofundar a pesquisa e conhecimento sobre o novo médio dos azuis e brancos.
Como joga Tomás Pérez?
Pérez é um médio com clara vocação defensiva. Com sangue na guelra, típico daquela zona do globo, é muito forte nos duelos, difícil de ultrapassar no um para um e capaz de acumular inúmeras ações defensivas ao longo das partidas. Tem uma leitura de jogo acima da média e 'pulmão' para cobrir muito terreno.
Com bola, a história é outra. Calmo e calculista, tem capacidade para ser o jogador que pauta o jogo e dita os ritmos a partir de trás. Não é um médio de transporte, mas faz a equipa ganhar muitos metros através de passes progressivos. Sem ser o jogador mais tecnicista, consegue sair da pressão e desenvencilhar-se dos adversários com relativa facilidade.
Tomás Pérez parece possuir as características que Anselmi tanto valoriza - e necessita -, dessa forma, cá estaremos para ver se a conexão argentina é, ou não, suficiente para agilizar uma integração que começa a ser urgente no Reino do Dragão. Resta-nos aguardar para tirar conclusões, caro leitor.