A Altri assinou um acordo para adquirir uma participação maioritária na AeoniQ, uma spin-off da suíça HeiQ Materials, dedicada à tecnologia limpa e ao desenvolvimento de fibras têxteis sustentáveis, concebidas para substituir o poliéster e o nylon, anunciou a empresa portuguesa esta terça-feira.

“O investimento da Altri, incluindo um aumento de capital, permitirá desenvolver a capacidade de produção em escala comercial da AeoniQ, reforçando a sua visão estratégica de diversificação para aplicações celulósicas de alto valor e baixo impacto ambiental”, refere o grupo em comunicado.

Como parte do acordo, será instalada a primeira fábrica da AeoniQ na unidade industrial da Altri em Constância. A construção arranca em 2026, com capacidade inicial de 1750 toneladas por ano. Antes disso, está previsto o lançamento de uma unidade pré-industrial também em Portugal, no início de 2026, para acelerar parcerias com marcas e testes de produto.

A aliança procura unir a experiência industrial da Altri à capacidade de inovação da HeiQ, assumindo-se como uma solução europeia para a descarbonização do setor têxtil. Em comunicado, o grupo explica que o projeto vai beneficiar “da integração vertical da fibra de eucalipto até ao fio acabado, prevendo-se posteriormente a incorporação de matérias-primas recicladas como resíduos têxteis de algodão, resíduos agrícolas e celulose bacteriana derivada de desperdício alimentar”.

Os filamentos celulósicos AeoniQ podem ser utilizados em artigos que vão desde a lingerie ao vestuário de trabalho e calçado, têxteis para o lar, vestuário médico e interiores automóveis. O fio já chegou a ser utilizado em quatro coleções da Hugo Boss e numa linha de roupa de cama da Lameirinho, apresentada na feira Heimtextil 2025.

José Soares de Pina, presidente-executivo da Altri, sublinha que esta aquisição está alinhada com a estratégia de “subir na cadeia de valor e investir em materiais de nova geração”, enquanto Carlo Centonze, líder da HeiQ, destaca que o investimento da Altri permitirá escalar globalmente “uma solução pronta para mercado para um dos setores mais poluentes do planeta: o têxtil”.

A conclusão da aquisição está ainda dependente de condições habituais em operações desta natureza, prevendo-se que o processo esteja finalizado na segunda metade do ano.