
O Banco de Portugal (BdP) teve um resultado líquido de 1,5 milhões de euros em 2024, após ter recorrido a provisões para cobrir um prejuízo operacional de 1.142 milhões de euros, anunciou hoje o banco central. “Em 2024, no quadro da materialização do risco de estrutura de balanço, o banco utilizou a Provisão para Riscos Gerais para cobertura do RAPI [Resultado antes de provisões e impostos] negativo, tornando o Resultado Antes de Impostos (RAI) nulo”, refere o Relatório do Conselho de Administração de 2024, hoje divulgado pelo banco central português.
A este valor nulo juntou-se a estimativa de imposto corrente e o imposto diferido apurado, que empurraram o resultado líquido para 1,5 milhões de euros. No entender do BdP, o RAPI negativo refletiu a materialização do risco de estrutura de balanço, através de uma margem de juros de 573 milhões de euros – ainda que 94 milhões de euros acima das perdas em 2023 – e do valor do resultado líquido da repartição do rendimento monetário, de 337 milhões de euros – 153 milhões de euros acima das perdas em 2023. Por sua vez, os gastos administrativos subiram 7,8% para 213 milhões de euros.
Almofada para provisões do regulador foi suficiente
Na apresentação no edifício Álvaro Pais, em Lisboa, no primeiro evento no edifício que o BdP vai ocupar até à conclusão das obras no terreno da antiga Feira Popular, a vice-governadora Clara Raposo registou que a almofada para provisões do regulador foi suficiente e que o banco central tem ainda “almofada suficiente” para o previsto para os próximos anos.
O governador, Mário Centeno, destacou que a política monetária “continuou a dominar a atividade do banco”, depois de no ano passado também ter alocado 1.054 milhões de euros das suas provisões. Após esta transferência, o montante global da provisão para riscos gerais caiu para 1.716 milhões de euros.
Segundo Clara Raposo, vice-governadora, para 2025, o BdP estima um RAPI negativo, mas “longe da mesma ordem de grandeza” dos dois exercícios anteriores.
No seu relatório, o BdP aponta que esta provisão tem uma natureza “equivalente a uma reserva dado que apresenta um caráter de permanência, e destina-se (…) a cobrir riscos potenciais de balanço numa perspetiva de médio e longo prazo. No final do ano passado, o balanço do BdP ascendia a 191.177 milhões de euros, mais 6.330 milhões de euros que no final de 2023.
Segundo o banco central, esta evolução “traduziu fundamentalmente o impacto da valorização do ouro [subida de 34%] e do incremento do ajustamento às notas em circulação, em parte compensado pela já referida redução da liquidez excedentária no Eurossistema”. Para 2025, o BdP estima um RAPI negativo, mas “longe da mesma ordem de grandeza” dos dois exercícios anteriores, segundo Clara Raposa.
(Lusa)