O cantor Nuno Guerreiro, vocalista da Ala dos Namorados, morreu hoje aos 52 anos, em Lisboa, disse à Lusa fonte oficial da Câmara Municipal de Loulé. Nuno Guerreiro, que colaborava com o Cineteatro Louletano na área de produção, morreu num hospital em Lisboa, onde tinha dado entrada na quarta-feira, segundo a mesma fonte.

Nascido em Loulé, em 1972, cidade onde atualmente vivia, Nuno Guerreiro popularizou-se na década de 1990 enquanto vocalista da Ala dos Namorados, grupo responsável por temas como “Solta-se o beijo”, “Fim do mundo” ou “Loucos de Lisboa”.

De acordo com informação disponível no site da HM Música, agência que o representava, Nuno Guerreiro mudou-se para Lisboa na adolescência, para estudar dança no Conservatório. Participou em espetáculos dos Diva e de Carlos Paredes e colaborou no primeiro álbum de Rodrigo Leão, “Ave Mundi Luminar”. Em 1992 juntou-se à Ala dos Namorados, banda criada por João Gil e Manuel Paulo, e da qual fez também parte José Moz Carrapa.

Trinta anos de carreira musical

Ao longo dos 30 anos de carreira, a banda editou oito álbuns de estúdio, dois álbuns ao vivo e uma compilação “de grandes êxitos”. Em 1994, a banda editou o álbum de estreia, homónimo. José Moz Carrapa deixou a Ala dos Namorados após a edição do terceiro álbum, “Alma” (1996), e João Gil acabou por a abandonar em 2006, para formar projetos como a Filarmónica do Gil e O Baile. A Ala dos Namorados continuou, tendo editado outros álbuns entretanto.

Em 2023 a banda regressou aos palcos com o músico João Gil e o cantor Nuno Guerreiro “ao leme” do projeto, tendo sido na mesma ocasião anunciado um regresso aos discos. Com os músicos Olavo Bilac e Tozé Santos criou o projeto “Zeca Sempre”, do qual foi editado um álbum, “O que faz falta – Zeca Afonso”, que tem como subtítulo: “As mensagens intemporais de José Afonso, numa nova sonoridade”, editado em 2011.

O projeto mais recente onde estava envolvido intitulava-se Nuno Guerreiro & Mau Feitio, composto por músicos do Algarve, tendo já somado alguns concertos, nomeadamente no festival Caixa Alfama, em Lisboa, em setembro de 2024.

“Vira de Coimbra”, “No Lado do Breu”, “Redondo Vocábulo”, “Menino do Bairro Negro” e “Saudades de Coimbra” são alguns dos temas que integram o álbum. A solo editou quatro álbuns: “Carta de amor”, em 1999, “Tento saber”, em 2002, “Gangster mascarado”, em 2011, e “Na hora certa”, em 2022.

Depois de ter vivido em Lisboa e em Setúbal, o músico regressou a Loulé, onde atualmente trabalhava em direção de cena e produção no Cine-Teatro Louletano. O projeto mais recente onde estava envolvido intitulava-se Nuno Guerreiro & Mau Feitio, composto por músicos do Algarve, tendo já somado alguns concertos, nomeadamente no festival Caixa Alfama, em Lisboa, em setembro de 2024.

“Percebi que havia um talento incrível no Algarve, mas que nem sempre têm a visibilidade que merecem. Então, comecei a investigar, a conhecer músicos, a perceber o que estava a acontecer na cena musical da região. E descobri artistas absolutamente incríveis”, afirmou Nuno Guerreiro em março passado, em entrevista a A Voz do Algarve.

Um dos últimos concertos do músico aconteceu em março com Mau Feitio e a Banda Filarmónica da Sociedade Recreativa Artistas de Minerva, precisamente no cineteatro de Loulé e que, segundo a sala de espetáculos, foram filmados para a posterior edição em DVD. Na mesma entrevista à publicação A Voz do Algarve, Nuno Guerreiro revelava que ira lançar uma versão da música “Os Verdes Anos”, em homenagem ao guitarrista Carlos Paredes.

“Este é um tema que tem um significado muito especial para mim. Em 1992, fui convidado para cantar nos concertos do Carlos Paredes no Teatro São Luiz. Foi um dos momentos mais marcantes da minha carreira. Sem querer, foi também o que me levou à Ala dos Namorados, porque o Manuel Paulo estava lá e ouviu-me cantar”, recordou.

Lusa