"O sangue derramado em Mueda não foi em vão, regou a terra fértil da nossa independência e o metical [moeda moçambicana], criado anos depois, é um dos resultados mais visíveis desta independência. O massacre de 1960, a nossa moeda, 20 anos depois, são sinais de que já não aceitamos que a nossa economia seja dirigida de fora, com moedas e critérios impostos, daí o nosso objetivo de lançar os alicerces para a nossa independência económica", disse o Presidente moçambicano.

Moçambique celebra hoje 45 anos da moeda nacional, o metical, criada em 16 de junho de 1980, e os 65 anos do massacre de Mueda, que ocorreu em 16 de junho de 1960, na província de Cabo Delgado, um dos últimos episódios da resistência dos moçambicanos face à dominação colonial portuguesa, antes do início da luta armada de libertação do país a 25 de setembro de 1964 e que culminou com a independência de Moçambique a 25 de junho de 1975.

Ao lançar as celebrações dos 45 anos do metical e os 65 do massacre de Mueda, o Chefe de Estado moçambicano disse que a moeda nacional foi criada também em demonstração da "soberania conquistada com tanto sacrifício", pedindo a sua proteção para assegurar o crescimento económico do país.

"Ambas as datas [massacre de Mueda e dia do Metical], embora separadas por duas décadas, estão unidas por um fio condutor, a rejeição da dominação estrangeira e a afirmação incondicional do direito do povo moçambicano de seguir o seu próprio destino", disse Daniel Chapo.

O Governador do banco central moçambicano, ao lançar as jornadas científicas do Banco de Moçambique, falou da estabilização do metical ao longo destes 45 anos.

"Hoje, ao celebrarmos os 45 anos da sua existência, podemos afirmar com segurança que o metical é uma moeda estável, que assegura com eficiência as transações em todo o território nacional, fruto de várias reformas feitas ao longo do tempo e que culminaram com a estabilização do nível de preços", disse Rogério Zandamela.

A Lusa noticiou em 01 de abril que o dinheiro físico a circular em Moçambique caiu 6,5% em janeiro, para 66.925 milhões de meticais (967 milhões de euros), o primeiro recuo após dez meses de subidas, segundo dados do banco central.

De acordo com um relatório do Banco de Moçambique, o dinheiro em circulação no país tinha atingido em dezembro passado um máximo de 71.512 milhões de meticais (1.033 milhões de euros), após aumentos mensais consecutivos desde março.

Desde o início de 2024, quando estavam em circulação 63.231 milhões de meticais (914 milhões de euros) em notas e moedas, esse valor tinha aumentado 13%, até dezembro, mas sobretudo a partir de maio do mesmo ano, antecedendo a entrada em circulação de uma nova série do metical.

Moçambique introduziu em 16 de junho do ano passado uma nova série de notas e moedas de metical, que vão substituir progressivamente as que circulam desde 2006.

A nova série manteve as anteriores seis notas bancárias: "As denominações de 1.000, 500 e 200 meticais em substrato de papel, e as denominações de 100, 50 e 20 meticais em substrato de polímero", explicou, naquela data, Rogério Zandamela.

Já nas moedas, a nova série retirou as de 20 e cinco centavos, "mantendo-se as denominações de 10, cinco, dois e um metical, e as de 50, dez e um centavo".

PME (PVJ) // MLL

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