O ‘private banking’, as seguradoras e os fundos de pensões estão a reforçar as suas alocações nos mercados privados e em ações globais, aponta o Inquérito Global Investor Insights da Schroders (GIIS). Segundo os dados dos inquiridos, 49% dos mesmos afirmam que “uma maior educação dos clientes ajudaria a aumentar a procura” por estes ativos financeiros. Ao olhar apenas para a Península Ibérica, este valor ascende a 61%. O GIIS aponta também que existe um foco nas áreas de transição energética, tecnologias disruptivas e diversificação através de ativos alternativos.

No setor de ‘private banking’ e assessores financeiros, fica-se a saber que os três ativos de mercados privados onde estes profissionais esperam ver um aumento de alocações, a nível global, são ‘private equity’ (53%), soluções multi-ativos privados (47%) e ações de infraestruturas renováveis (46%). O inquérito alcançou 1755 entidades e profissionais desta área e estas expectativas dizem respeito aos próximos um a dois anos e estão em linha com os dados referentes à região da Península Ibérica.

Sobre os benefícios apontados pelo ‘private banking’ e assessores financeiros de investir nestes mercados privados, dois terços referem o potencial de retornos mais elevados faces a mercados públicos e ainda a diversificação, com estes ativos a proporcionarem acesso a carteiras mais variadas do ponto de vista setorial e empresarial, argumentam. O GIIS realça ainda que, em média, a maioria das alocações dos investidores em mercados privados situa-se entre 5% e 10% dos portfólios de investimento.

A diretora global de Wealth da Schroders, Carla Bergareche, por sua vez, sublinha a discrepância entre o volume de alocações entre o ‘private banking’ e assessores financeiros e o volume registado nas carteiras institucionais e ‘family offices’, no que diz respeito ao investimento nos mercados privados. No caso dos segundos, o montante corresponde a cerca de 20% das carteiras, segundo Bergachere, o que não se verifica no caso dos primeiros. Contudo, defende isto como uma “oportunidade substancial para aumentar o envolvimento dos clientes com os mercados privados”.

Relativamente à forma como acedem a estes mercados, mais de metade dos inquiridos revelou ser através de fundos cotados, com o segundo lugar a ir para fundos semilíquidos ou ‘evergreen’. Estes profissionais referem que a potencial falta de liquidez é apontada como “o principal desafio quando se fala de mercados privados com os clientes”. Além da educação sobre estas questões, já mencionada, o estudo defende que estruturas de produtos mais adequadas e mínimos de investimento mais baixos poderiam aumentar a procura em Portugal e Espanha.

Por sua vez, o diretor-geral da Schroders para a Península Ibérica, Leonardo Fernández, vinca que o “património privado terá um papel muito significativo nos mercados privados no futuro”. Neste sentido, realça o surgimento de novos veículos – como os tais fundos semilíquidos – que “têm ampliado os pontos de acesso disponíveis e representado um avanço significativo ao oferecer maior flexibilidade aos investidores para alcançarem os seus objetivos de investimento através de mercados privados”. Por outro lado, justifica que as opções reduzidas de acesso a estes mercados para o setor de ‘private banking’ e assessores até então explicam as alocações reduzidas, apesar das intenções contrárias.

Ao nível dos fundos de pensões, estes seguem a mesma linha e pretendem aumentar o seu investimento em mercados privados e ações globais. Neste sentido, o estudo revela que mais de 94% já investe ou planeia investir nestes mercados, com 27% a tencionar fazê-lo nos próximos dois anos.

Estes fundos focam-se, sobretudo, em dívida privada, ‘private equity’, dívida de infraestruturas e infraestruturas renováveis, segundo o GIIS. Para os 420 fundos inquiridos, a transição energética e a descarbonização, assim como a revolução tecnológica, são os principais temas a impulsionar a procura pelos mercados privados. Neste campo, cerca de 93% dos fundos já investem ou planeiam investir na transição energética como foco estratégico, sendo que mais de um terço prevê novos investimentos nos próximos dois anos.

A nível global, há uma tendência de valorização de estratégias de rendimento fixo, revela o GIIS. No entanto, apesar da concordância global, a nível regional as preferências variam. Na região Ásia-Pacífico, os títulos garantidos por ativos (‘Asset-backed Securities’) têm mais destaque. Os fundos de pensões na região EMEA (excluindo o Reino Unido) preferem as obrigações sustentáveis. Por sua vez, os fundos na América do Norte e Reino Unido focam-se em estratégias de dívida de mercados emergentes.