Era uma das intervenções mais aguardadas do Fórum do Banco Central Europeu (BCE), que decorre até quarta-feira em Sintra. Jerome Powell, presidente da Reserva Federal norte-americana (FED), que já foi ameaçado por Trump, não desiludiu. O debate sobre Politica Monetária juntou Powell, Christine Lagarde (presidente do BCE), Andrew Bailey (governador do Banco de Inglaterra), Chang Yong Rhee (governador do Banco da Coreia) e Kazuo Ueda (governador do Banco do Japão).

“Estamos todos de acordo que as taxas de juro vão voltar a descer no final do ano, mas temos que estar atentos aos sinais do emprego”, disse Powell, revelando aquilo que parece ser uma visão comum dos vários governadores dos bancos centrais.

Confrontado com o crescimento da dívida americana, e recordado que, em 2024, também em Sintra terá dito que “é preciso fazer alguma coisa mais cedo do que mais tarde em relação ao crescimento da dívida nos Estados Unidos”, Powell optou por uma resposta diplomática: “Não comento a política fiscal dos EUA”, mas não resistiu em acrescentar que “é preciso fazer qualquer coisa”.

Para o presidente da FED, a economia americana está robusta. A inflação está nos 2,3% e a política ao aumento das tarifas decidida por Donald Trump ainda não se manifestou no aumento dos preços. “Estamos em ‘stand-by’, é natural que existam alguns sinais mais à frente”, acrescentou Powell, adiantando que a FED “continuará a seguir uma política restritiva, apesar de se registar um crescimento económico sólido e bons sinais ao nível da criação de emprego”.

Quando perguntado como recordará o ano de 2025, aquele responsável afirmou: “É um ano desafiante em termos económicos, mas estou completamente focado na minha missão e na missão que o senado norte-americano atribuiu à FED, que é a de garantir a estabilidade dos preços”, uma resposta que arrancou uma enorme salva de palmas das pessoas que assistiam ao debate.

Jerome Powell revelou que a FED faz várias análises de cenários de risco (seis ou sete por ano) para suportar e justificar as suas decisões de política monetária.

Em relação às chamadas ‘stablecoins’, Powell partilhou alguns receios dos seus colegas (em especial de Lagarde e Bailey), mas disse ser “um passo importante que tem que ser acompanhado de um quadro regulatório preparado para esta nova realidade e que terá de ser feito ao nível da Reserva Federal”.

Questionado sobre o que gostaria de passar ao seu sucessor, Powell afirmou: “Tenho mais 10 meses de mandato, estou preocupado em entregar ao meu sucessor uma economia forte, estável e robusta. É nisso que estamos focados a 100%”.