O Grupo CaixaBank, que serve 20,4 milhões de clientes através de uma rede de 4.100 agências em Espanha e Portugal, obteve um resultado líquido atribuível de 1.470 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, face a 1.005 milhões de euros no mesmo período de 2024 (mais 46,2% e 6,9% em termos comparáveis).

Num comunicado divulgado nesta quarta-feira, o grupo espanhol detentor do BPI faz notar que, no primeiro trimestre de 2024, foi registada a totalidade do montante da taxa bancária de 493 milhões de euros. No entanto, neste trimestre, apenas foram registados 25% da taxa sobre as receitas líquidas de juros e de honorários e comissões, no valor de 148 milhões de euros. Esta diferença explica em parte o crescimento do resultado do trimestre, que teria aumentado 6,9% se a taxa sobre os bancos tivesse sido distribuída de forma linear ao longo de 2024 (123 milhões de euros por trimestre).

A demonstração de resultados reflete a descida das taxas de juro do mercado, com a margem financeira a diminuir 4,9 %, para 2 646 milhões de euros, parcialmente compensada pelo crescimento dos volumes. O diferencial de clientela diminuiu 11 p.b. no trimestre, para 3,20%. O banco informa também está a “iniciar bem” o novo Plano Estratégico 2025-2027, com um aumento de 2,9% da carteira de crédito saudável e de 8,5% dos recursos de clientes face a março de 2024.

O crédito bruto a clientes ascendia a 364 159 milhões em 31 de março de 2025. A carteira saudável situou-se em 354.592 milhões de euros e foi superior em 2,9% à de março de 2024 (+0,9% no trimestre), com um contributo positivo das empresas e dos particulares, suportado por níveis de procura e de produção mais elevados.

Num contexto de bom desempenho do novo crédito em Espanha em todos os segmentos de particulares, que atingiu 18.877 milhões (+15%), o novo crédito hipotecário ascendeu a 4.508 milhões no primeiro trimestre de 2025, mais 62% em termos homólogos e com cerca de 93% do total concedido a taxa fixa. O crédito ao consumo ascendeu a 3.374 milhões de euros (+11%) e o crédito às empresas aumentou 4% para 10.995 milhões de euros.

Os recursos de clientes ascenderam a 690.523 milhões de euros, depois de terem aumentado 8,5% para 54.034 milhões de euros nos últimos 12 meses (+0,8% para 5.158 milhões de euros no trimestre). Os ativos sob gestão aumentaram 18.411 milhões de euros desde março de 2024 (+7,5%) para 264.402 milhões de euros, suportados pelas subscrições líquidas em fundos de investimento e seguros de poupança, e apesar da diminuição dos planos de pensões no trimestre, devido sobretudo ao comportamento desfavorável dos mercados, explica o CaixaBank.

O CEO do banco, Gonzalo Gortázar, afirma que “iniciámos o primeiro ano do novo plano estratégico com progressos significativos nos nossos objetivos: estamos a acelerar o crescimento da atividade; a impulsionar a transformação das nossas operações e o investimento no negócio; reduzimos o crédito malparado e mantemos elevados níveis de liquidez e de capital”.

ROE passa para 16,5%

A nova contabilização do imposto sobre a margem financeira e as comissões – em 2024, a totalidade do imposto sobre os bancos era registada na rubrica “Outros proveitos e custos de exploração”, passando a ser contabilizada linearmente na rubrica “Impostos sobre os lucros” – também afetou a evolução dos spreads, da rendibilidade e da eficiência.

O produto bancário aumentou 14,7% em termos homólogos (para 4.011 milhões de euros), superando o crescimento dos gastos administrativos recorrentes e amortizações (+4,8% para 1.580 milhões de euros), e o resultado operacional foi de 2.431 milhões (+22,3%) no final do trimestre. O rácio de eficácia foi de 37,7%.

O ROE aumentou para 16,5% (15,4% assumindo a especialização linear do imposto sobre as receitas líquidas de juros e comissões) em comparação com 13,4% em março de 2024.

O saldo do crédito malparado reduziu-se mais um trimestre em 160 milhões de euros para 10.076 milhões de euros, graças a uma gestão ativa do risco, com um rácio de NPL de 2,5% (2,6% no final de 2024) e um rácio de cobertura de 70%. O custo do risco também diminuiu para 0,25% (últimos 12 meses).

O CaixaBank apresenta ainda “uma posição de liquidez confortável”, com o total de ativos líquidos a ascender a 171.170 milhões de euros. O rácio de cobertura de liquidez (Liquidity Coverage Ratio – LCR) a 31 de março era de 197%, muito acima do requisito mínimo de 100%.

O Grupo apresentava também “um sólido nível de capital”, com o rácio Common Equity Tier 1 (CET1) a situar-se em 12,5% no final do trimestre. Este rácio inclui o impacto extraordinário de +20 p.b. da entrada em vigor em janeiro de 2025 da regulamentação CRR3 (Basileia IV).

Neste contexto, Gortázar sublinha que “os nossos bons resultados permitir-nos-ão continuar a apoiar as famílias e as empresas, bem como a economia e a sociedade no seu conjunto, o que é particularmente necessário no atual contexto de crescente incerteza”.