A garantia pública na compra da habitação abrangeu 10,7 mil contratos nos primeiros seis meses do ano, representando mais de um terço das aquisições de jovens até 35 anos, indicam dados revelados esta quarta-feira (30) pelo Banco de Portugal.

Segundo uma nota estatística divulgada pelo banco central, 37,4% do número de contratos celebrados por jovens até aos 35 anos para a compra de habitação própria e permanente foram concretizados ao abrigo da garantia do Estado.

Em causa está uma garantia pessoal dada pelo Estado, através da prestação de uma fiança que cobre até 15% do valor da transação do imóvel pelo mutuário, o que permite que o banco que concede o crédito empreste entre 85% e 100% do valor de transação do imóvel, desde que a aquisição não seja superior a 450 mil euros.

Ao todo, os particulares contrataram 2,1 milhões de euros em crédito à habitação ao abrigo da garantia entre janeiro e junho.

A garantia representou 20,5% de todos os contratos celebrados de janeiro a junho (independentemente da idade dos compradores) e correspondeu a 23,5% de todo o crédito concedido pelas instituições financeiras para a compra de habitação própria e permanente.

"Considerando apenas os contratos de crédito para aquisição de habitação própria e permanente celebrados com jovens até aos 35 anos, os contratos abrangidos pela garantia do Estado corresponderam a 37,4% do número de contratos e a 39,8% do total do montante contratado", detalha o banco central.

Olhando para a distribuição dos créditos, o Banco de Portugal refere que o peso dos imóveis adquiridos com a garantia pública no total dos imóveis comprados por jovens para habitação própria e permanente "foi maior na região do Alentejo e na Lezíria do Tejo e menor na Grande Lisboa e na Região Autónoma da Madeira".

Jovens que usam garantia pública têm rendimentos mais altos

Em maio, numa outra publicação, o banco central notava que os compradores que têm recorrido à garantia pública "têm, em média, rendimentos mais elevados do que os jovens que obtêm crédito sem recurso à garantia".

"Os mutuários com rendimentos mais baixos têm uma representatividade inferior neste regime, tanto em montante de crédito como em número de contratos, quando comparados com os mutuários elegíveis", referia o banco no relatório de estabilidade financeira.

No mesmo documento, o banco notava que a taxa de esforço dos jovens que acederam à fiança era, em média "seis pontos percentuais superior à observada no conjunto das novas operações de crédito à habitação e dois pontos percentuais superior à dos mutuários elegíveis que não recorreram à garantia".