O Governo moçambicano prevê alcançar estabilidade operacional das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) em três anos, após vender ações estatais da companhia para empresas públicas, devido ao seu alto nível de endividamento.

Os dados apresentados pelo ministro dos Transportes e Logística, João Matlombe, no parlamento, onde o Governo presta informações aos deputados, apontam que, só em 2021, a companhia de bandeira registou um prejuízo de pouco mais de 1,4 mil milhões de meticais (20 milhões de euros), em 2022 com 448,6 milhões de meticais (6,3 milhões de euros), 2023 com 3,9 mil milhões de meticais (56 milhões de euros) e 2024 com registo de 2,2 mil milhões de meticais (31 milhões de euros).

Em causa está a autorização do Governo, em 05 de Fevereiro, para a venda de 91%, para empresas estatais, da participação do Estado na transportadora Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), indicando que o valor vai ser usado para aquisição de oito aeronaves.

A resolução aprovada pelo executivo moçambicano determina que apenas três empresas estatais – a Hidroeclétrica de Cahora Bassa (HCB), os Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e a Empresa Moçambicana de Seguros (EMOSE) – podem adquirir a participação do Estado na LAM.

No parlamento moçambicano, João Matlombe disse que o Governo optou pela manutenção da LAM sob controlo público, envolvendo empresas fortes do sector empresarial do Estado, após avaliar igualmente a privatização e parceria com um investidor privado estratégico para operacionalizar a empresa.

“Os estudos demonstram que, com investimentos adequados e uma reestruturação firme, a LAM poderá alcançar estabilidade operacional e financeira num prazo de três anos”, acrescentou João Matlombe.

Na mesma intervenção, o Governo moçambicano rejeitou que os atuais prejuízos da LAM sejam uma consequência da gestão da empresa sul-africana Fly Modern Ark (FMA), que entrou na gestão da LAM em Abril de 2023 para um processo de reestruturação, tendo terminado em setembro do ano passado.

“As perdas registadas pela LAM são o reflexo de muitos anos de dificuldades acumuladas, não se podendo, de forma isolada, imputar os resultados negativos apenas à gestão da Fly Modern Ark”, disse o ministro, citado pela Lusa.