
Os preços do ouro têm atingido níveis históricos no decorrer deste primeiro semestre. Instabilidade geopolítica e económica levaram os investidores a procurar um ativo mais seguro, como é o caso deste metal precioso. O ouro atingiu, em abril passado, um novo máximo histórico, ultrapassando os 3.500 dólares (cerca de 2.988 euros) a onça, o que equivale a 28,3 gramas.
Segundo os analistas da plataforma de investimento XTB forma vários os fatores que têm contribuído para esta valorização, criando uma “tempestade perfeita” para os metais preciosos. A guerra comercial de Donald Trump às importações, e a guerra na Ucrânia e Médio Oriente são os fatores preponderantes. O Irão, por exemplo, tem vindo a aumentar significativamente as suas reservas de ouro como medida de proteção contra a instabilidade económica e as sanções impostas pelos EUA. O presidente do Banco Central iraniano, Mohammad Reza Farzin, revelou que 20% das reservas de divisas do país foram convertidas em ouro, refletindo uma estratégia para reduzir a exposição ao dólar americano e reforçar ativos com valor intrínseco para o comércio internacional.
Um estudo da BestBrokers mostra que apesar das flutuações que este metal sentiu ao longo dos últimos seis meses, tendo subido a valor históricos e voltado a cair em maio último – atualmente está a rondar os 2.856 euros por onça -, continua a ser um investimento seguro. Usando os dados do World Gold Council, os analistas da plataforma de apoio aos investidores, olharam para os maiores compradores e vendedores entre 2024 e o início de 2025, e identificaram os países que mais acumularam.
A Polónia foi o país da Europa que adicionou mais ouro às suas reservas, no primeiro trimestre deste ano ao comprar 48,6 toneladas.A Polónia ultrapassou assim as reservas de ouro de Portugal, de Espanha e do Reino Unido.
Assim, o estudo mostra que, no primeiro trimestre deste ano, a Polónia foi o país da Europa que adicionou mais ouro às suas reservas, ao comprar 48,6 toneladas, quase metade da sua aquisição de 2024, que ascendeu a 89,5 toneladas. Este país consolidou a sua posição de maior comprador de ouro na Europa, tendo adicionado às suas reservas um total de 268 toneladas nos últimos dois anos. Talvez devido à sua maior proximidade ao conflito entre a Ucrânia e a Rússia, o banco nacional Narodowy Bank Polski (NBP), reforçou as suas reservas em ouro, que já ascendem a 496,81 toneladas, ocupando a 12º posição no ranking das maiores reservas mundiais. Esta reserva está avaliada em cerca de 45,9 mil milhões de euros, a preços correntes. A Polónia ultrapassou assim as reservas de ouro de Portugal, de Espanha e do Reino Unido.
Também a República Checa seguiu esta tendência e ocupa a segunda posição do ranking dos maiores compradores europeus, ao comprar 5,1 toneladas de ouro, embora este volume represente quase dez vezes menos do que a Polónia. O banco central da Chéquia detém 56,21 toneladas deste metal, avaliadas em 5,2 mil milhões de euros.
Os únicos países europeus que venderam ouro no primeiro trimestre de 2025 foram a Rússia, que alienaram cerca de 3,1 toneladas, a Alemanha e a Bielorrússia (52,9 quilogramas).
Os analistas referem que, caso a Polónia mantenha o ritmo atual de compra, poderá duplicar as suas aquisições de ouro em 2024, consolidando ainda mais o seu estatuto de principal comprador não só na Europa, mas também a nível mundial. Entretanto, a Alemanha, apesar de deter a maior reserva de ouro da Europa, fez apenas um movimento modesto ao vender 200 quilogramas em março de 2025, após nove meses de inatividade. A França negociou ouro pela última vez em abril de 2024 e a Itália manteve-se inativa durante mais de uma década. Os únicos países europeus que venderam ouro no primeiro trimestre de 2025 foram a Rússia, que alienaram cerca de 3,1 toneladas, a Alemanha e a Bielorrússia (52,9 quilogramas).
As maiores reservas a nível mundial
Mas olhando para as reservas como um todo, a Alemanha, que está na segunda posição, a nível mundial, logo a seguir aos Estados Unidos, é de facto a líder europeia no investimento em ouro. Detinha, no primeiro trimestre de 2025, cerca de 3.351 toneladas, avaliadas em cerca de 309,3 mil milhões de euros. Os Estados Unidos, em primeiro lugar do ranking mundial, está no pódio a uma larga distância do segundo lugar, com uma reserva de cerca de 8.133 toneladas. Na Europa, atrás da Alemanha surge a Itália, com reservas de 2.452 toneladas, um valor que ascende a 226,3 mil milhões de euros), e a França com 2.437 toneladas, avaliadas em 224,9 mil milhões de euros.
Portugal está em 14ª posição do ranking das maiores reservas de ouro do mundo, com um total de 382,69 toneladas deste metal no primeiro trimestre deste ano.
No que diz respeito ao ranking das maiores reservas per capita, a Suíça é o país europeu com maior valor, que ascende a 10.631 euros de ouro por habitante, num total de 115 gramas cada. A Itália fica em segundo, com 41,6 gramas por pessoa e a Alemanha com 40,2 gramas por residente.
“A Polónia iniciou a sua agressiva onda de compras em abril de 2023, provavelmente em resposta ao aumento das tensões após a invasão da Ucrânia pela Rússia. Desde então, tem comprado entre 3 e 29 toneladas de ouro todos os meses, com pequenas excepções, como durante o primeiro trimestre de 2024”, explica, em comunicado, o analista chefe da Best Brokers, Paul Hoffman. E acrescenta que “Nos últimos dois anos, a Polónia acrescentou 268 toneladas às suas reservas, elevando o total para 496,809 toneladas, ultrapassando as reservas de ouro de Portugal, Reino Unido e Espanha, e não mostra sinais de abrandamento. Apenas 20% do ouro do Banco Nacional da Polónia é detido a nível nacional, sendo o restante armazenado em Nova Iorque e Londres, provavelmente porque pode ser mais facilmente transacionado ou trocado nesses países, se for necessário”.