
O Partido Popular (PP) de Espanha propôs ao Congresso a criação de um dia dedicado à promoção do uso do dinheiro em numerário como meio de pagamento. A deputada Carmen Navarro anunciou que o seu partido apresentará uma proposta para sensibilizar a população sobre as vantagens do dinheiro físico, especialmente em zonas rurais onde os meios de pagamento digitais são menos acessíveis e também por questões de segurança.
Durante um evento organizado pela plataforma espanhola que defende a preservação e promoção do uso do dinheiro em numerário, Denaria, no Parlamento, foi destacado nesta segunda-feira que o dinheiro garante autonomia e liberdade aos cidadãos, pois não depende de eletricidade ou sistemas digitais, permitindo um melhor controlo dos gastos e oferecendo mais segurança contra a cibercriminalidade.
Foi também denunciado que algumas empresas, como companhias aéreas e festivais de música, estão a restringir o uso de dinheiro físico no país.
A iniciativa surge num contexto em que, segundo o Banco de Espanha, o dinheiro em numerário continua a ser o método de pagamento preferido por 60% dos espanhóis, apesar do crescimento dos pagamentos digitais após a pandemia de COVID-19.
Estudos indicam que pagar em dinheiro pode ajudar no controlo financeiro e incentivar hábitos de poupança, com base na teoria do “peso do pagamento”, que sugere que gastar dinheiro físico gera um impacto emocional maior do que pagar com cartão.
Além disso, a Comissão Nacional dos Mercados e da Concorrência (CNMC) propôs que pequenos estabelecimentos comerciais em zonas rurais passem a disponibilizar serviços de levantamento de dinheiro, para combater a exclusão financeira. Isto deve-se ao facto de, nos últimos 15 anos, Espanha ter perdido 30% das suas caixas automáticas, o que tem afetado especialmente os idosos com menos competências digitais, refere a agência de notícias EuropaPress.
Por outro lado, a partir de 2027, a União Europeia implementará um limite máximo de 10 mil euros para pagamentos em dinheiro em todos os Estados-membros, com o objetivo de uniformizar a regulamentação e combater atividades ilícitas. No entanto, cada país poderá estabelecer limites inferiores, se assim o entender.
É o regresso ao numerário?
O “regresso” ao dinheiro em numerário está atualmente em discussão. Recentemente, o banco central da Suécia anunciou que pretende fortalecer a resiliência dos sistemas de pagamentos, para que seja possível pagar offline com cartões e usar dinheiro para adquirir bens essenciais.
O Riskbank considera que ambiente global impõe que se proporcione mais resiliência aos sistemas de pagamentos, nomeadamente em caso de guerra, pelo que deve ser possível pagar online e manter o dinheiro como forma de pagamento.
“Para proteger a infraestrutura de dinheiro na Suécia e para que o dinheiro continue a funcionar como um meio de pagamento, o Riksdag [parlamento sueco] e o Governo devem introduzir uma obrigação de dinheiro para a venda de bens essenciais e legislar sobre medidas para proteger toda a cadeia de dinheiro. Também acreditamos que há razão para considerar um limite máximo para compras em dinheiro para dificultar a economia criminosa”, referiu na altura o governador Erik Thedéen.