O deputado socialista Porfírio Silva considerou hoje que as razões invocadas pelo Conselho de Administração da RTP para a demissão da direção de informação da televisão "não existem", após audição de António José Teixeira. "Ficou muito claro que as razões invocadas anteriormente não existem", afirmou o deputado, depois da audição, na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, do diretor de informação de televisão da RTP exonerado em junho, no âmbito de um requerimento do PS.

António José Teixeira afirmou hoje que as razões da sua demissão do cargo foram aquelas que lhe foram comunicadas pela administração, da necessidade de renovação e reestruturação. "Ficou muito claro que as razões invocadas anteriormente não existem, porque as razões invocadas pela administração eram os resultados, designadamente os resultados do canal de informação da RTP3", afirmou o deputado aos jornalistas, depois da audição.

Mas "na realidade, escrutinados" os relatórios, entre outros, "afinal os resultados da RTP3 não são piores do que anteriormente, aguentaram-se melhor do que a concorrência, a RTP não é só a RTP3, a informação da RTP está maioritariamente na RTP1 e não na RTP3 e em outros meios", prosseguiu Porfírio Silva, quando questionado sobre se o PS tinha ficado esclarecido com esta audição.

O deputado do PS destacou três pontos que para o partido merecem destaque. "Em primeiro lugar, aparentemente para o PSD, a independência da informação do serviço público é uma politiquice, é preocupante, talvez não seja surpreendente por aquilo que temos ouvido nos últimos tempos, mas é preocupante", apontou.

Em segundo, "está hoje claríssimo que quer o processo de demissão, quer o processo de nomeação da direção de informação é um processo que não seguiu os procedimentos legais, estando agora fora de tempo" e a ser feito o que deveria ter acontecido antes, referiu.

Em terceiro lugar, e "clarificada na sequência deste processo, uma vez que o presidente do Conselho de Administração virá aqui também na Assembleia República por nossa solicitação, hoje sabemos que a justificação invocada para demissão desta direção de informação não existe", aponto, numa declaração aos jornalistas.

Ou seja, "ter-se no primeiro momento avançado com justificação dos resultados, da suposta baixa dos resultados, essa baixa de resultados não aconteceu, portanto o motivo invocado não existe, é hoje mais do que nunca importante que possamos ser esclarecidos acerca daquilo que levou esta tentativa de demissão", disse.

A audição do Conselho de Administração da RTP, liderada por Nicolau Santos, ainda não está agendada.

Ex-diretor lembra que resultados da RTP3 "não diminuíram"

"As razões da demissão são aquelas que me foram comunicadas", disse António José Teixeira, que por mais de uma vez disse que tinham sido a "necessidade de renovação" e "reestruturação", ao longo de cerca de uma hora de audição. "Não posso vir aqui especular sobre elas [as razões da demissão], [...] deixo isso para quem tenha mais condições" para responder sobre o tema, prosseguiu.

António José Teixeira, que disse já ter sido ouvido pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) devido à sua exoneração, afirmou que a decisão do Conselho de Administração é legítima e que os "mandatos não são eternos". O jornalista relatou que foi informado da sua exoneração no dia 23 de junho, na véspera dessa decisão ter sido conhecida.

Na audição, por mais que uma vez disse as audiências da RTP3 "não diminuíram" nos últimos três anos. António José Teixeira era diretor de informação da RTP há mais de cinco anos, tendo sido indigitado para o cargo em 07 de janeiro de 2020. Entretanto, em 01 de julho, o presidente da RTP afirmou que a decisão sobre a sua demissão era da exclusiva competência do Conselho Administração e afastou qualquer interferência política.

As "empresas têm ciclos" e "António José Teixeira e a sua equipa fizeram um trabalho fantástico", salientou Nicolau Santos na altura.