
Com o país num impasse político à espera de novas eleições, o secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, deu uma mensagem de confiança ao sector, no seu discurso de abertura do congresso da Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal (ADHP), que começou esta quinta-feira no Inatel da Costa da Caparica, e decorre até 21 de março, sob o tema “Inovação e inclusão na hotelaria”.
“O turismo é de facto a indústria que está a dar ao país um sentimento de serenidade e de confiança em relação ao futuro mais próximo”, salientou Pedro Machado, destacando que o sector “em 2025, neste primeiro trimestre, está a apresentar resultados pelo menos idênticos, e muitas vezes acima, ao de igual período de 2024”.
As eleições marcadas para 18 de maio “não deverão afetar o percurso normal que a indústria e o turismo estão a fazer”, e a perspetiva com que os mercados internacionais olham Portugal “continua a ser de confiança e de previsibilidade”, sobretudo no sector do turismo, garantiu Pedro Machado.
“Tivémos muitos meses de trabalho, que foi agora interrompido”, realçou o secretário de Estado do Turismo, referindo-se a decisões que o Governo estava a tomar, em particular a inclusão de um novo quadro referente aos recursos humanos como critério da classificação dos hotéis a constar no Regime Geral dos Empreendimentos Turísticos (RJET), o que era uma reivindicação da ADHP.
“Sou um homem de fé, acredito que rapidamente superaremos este intervalo, e dentro de pouco tempo estaremos em velocidade de cruzeiro”, assegurou o governante que tutela o turismo, frisando contar neste campo com o “depósito totalmente cheio de confiança dos profissionais do turismo em Portugal”.
Pedro Machado destacou, em particular, o programa em curso sobre integração e formação de imigrantes, “respondendo ao desafio de termos mão-de-obra qualificada”, lembrando que recebeu mais de 5800 candidaturas de pessoas de 88 nacionalidades, onde houve a preocupação de incluir aprendizagem da “língua e da cultura portuguesa, o que é importante no ecossistema nacional para integração destas pessoas, e também na relação com o mercado de trabalho”.
CTP preocupada com “dossiês pendentes”, como o aeroporto
O "novo período de instabilidade política e governativa em Portugal" foi enfatizado por Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), que realçou que “neste momento a palavra-chave é Incerteza”.
“Não nego que estou preocupado com a governação do país”, referiu o presidente da CTP, salientando que a situação de impasse “vai durar mais de dois meses”. Disse estar consciente que “uma maioria governativa, não vai acontecer”, e frisou que o país precisa de “estabilidade política”.
Francisco Calheiros disse esperar que, com a perspetiva de novas eleições, “não sejam bloqueados dossiers e investimentos em curso que têm relação direta e indireta com a atividade turística”.
O novo aeroporto e a privatização da TAP destacam-se entre os dossiês prioritários que a confederação do turismo não quer ver bloqueados, garantindo Francisco Calheiros que, “seja qual for a solução política e governativa nos próximos meses", a CTP continuará a insistir quanto à sua "urgência”.
O TGV e a “modernização da ferrovia”, a par de “soluções para a falta de mão de obra e o reforço do investimento em formação e valorização das profissões turísticas” ou para “uma gestão mais eficiente dos territórios”, são outros dossiês relevantes para o turismo na perspetiva da CTP. “Neste momento de incerteza, voto no que continua a dar contributo e valor para o país”, afirmou Francisco Calheiros.
As perspetivas para o turismo em Portugal em 2025 mantêm-se altas, “prevendo-se que será um ano igual, ou ainda melhor, que o ano passado”, e já na Páscoa “há perspetivas pelo menos iguais ao ano passado”, avançou o presidente da CTP.
Também o presidente da ADHP, Fernando Garrido, disse esperar que “num momento de incerteza política, o trabalho feito não se perca e caia por terra”, deixando claro que o prosseguimento de dossiês como o novo aeroporto ou a ferrovia de alta velocidade “são fundamentais para o crescimento sustentado do turismo nacional”.