
“Queremos possibilitar o progresso digital”, afirmou o presidente da Autoridade Federal de Supervisão Financeira da Alemanha (BaFin), Mark Branson, durante a conferência BaFinTech, ao traçar as oportunidades e os riscos associados às tecnologias financeiras inovadoras. Entre os destaques do seu discurso esteve a computação quântica, que, combinada com a inteligência artificial (IA), representa, segundo Branson, “uma combinação verdadeiramente fascinante”.
Branson sublinhou, nesta quarta-feira, que tecnologias com elevado potencial disruptivo, como a tecnologia de registo distribuído (DLT), a IA e a computação quântica, estão a evoluir a um ritmo acelerado. Para o setor financeiro, estas inovações representam oportunidades significativas, sobretudo no que toca à eficiência e automação de processos. Os computadores quânticos, exemplificou, poderão potenciar drasticamente o desempenho da inteligência artificial.
Contudo, o presidente da BaFin alertou que estas mesmas tecnologias trazem consigo riscos relevantes. A computação quântica, por exemplo, poderá comprometer os sistemas de criptografia atualmente utilizados, enquanto a IA pode reforçar ou amplificar discriminações injustas em processos automatizados. Além disso, o crescimento desregulado dos criptoativos poderá gerar ciclos de retroalimentação perigosos com impacto no sistema financeiro tradicional.
“Não podemos ignorar estes riscos. No pior dos cenários, poderão afetar todo o sistema financeiro”, advertiu.
Face a este panorama, Branson reiterou que a BaFin está empenhada em encontrar o equilíbrio certo entre inovação e estabilidade. “Queremos inovação digital. Hoje, ela é a base de um setor financeiro forte e competitivo, e só um setor forte e competitivo pode manter-se robusto”.
A inovação digital está, por isso, integrada nos objetivos estratégicos da BaFin para o período de 2026 a 2029. “Queremos viabilizar o progresso digital, assegurando em simultâneo a solidez do sistema financeiro. Esse é o nosso princípio orientador”, afirmou Branson.
O presidente concluiu com um apelo à cooperação entre entidades reguladoras, empresas e inovadores. Branson enfatizou que a cooperação é necessária para aproveitar as oportunidades da mudança digital de forma responsável. “Essa é a nossa responsabilidade compartilhada”, referiu.