A OPA do UniCredit sobre o Banco BPM tem menos obstáculos. A justiça italiana decidiu anular uma parte das condições impostas pelo governo para que o negócio seguisse em frente. Das imposições iniciais, apenas sobra a exigência de cessação de atividade na Rússia.

O tribunal que avaliou o caso rejeitou a condição do governo sobre a manutenção do rácio ‘loan-to-deposit’ do BPM durante cinco anos, bem como a obrigação de manter os portfólios financeiros de ambos os bancos em Itália. Por fim, também tornou opcional a exigência de manter títulos de dívida italianos na gestora de fundos Anima Holdings, adquirida pelo BPM no início do ano.

O UniCredit considera que, dada a decisão judicial, o governo deve emitir um novo decreto pois o original fica sem efeito. “É necessário e responsável [o governo] prestar clarificações inequívocas sobre os comentários [do tribunal]”, exige o banco em comunicado. Já o BPM, em comunicado, exige ao rival que clarifique as suas intenções com a OPA, que limitou a “flexibilidade estratégica” do banco ao longo dos oito meses que passaram desde o seu anúncio.

O banco liderado por Andrea Orcel informa que vai “avaliar todos os passos relevantes a seu tempo” e critica as “comunicações e campanhas injustificadamente agressivas e frequentemente enganadoras” do BPM para manchar a reputação do UniCredit e da sua oferta. “Num contexto de profundas incertezas, os acionistas do BPM podem ter sido privados de uma opção, cujos termos foram justamente propostos e que poderiam já ter sido melhorados caso tivesse decorrido um processo de OPA normal”, considera a empresa.

As condições impostas pelo executivo já tinham sido criticadas a nível europeu, com as autoridades da União Europeia a questionar a legitimidade do governo neste caso. Também em Espanha a Comissão Europeia interveio na OPA do BBVA sobre o Sabadell, abrindo um processo de infração sobre o país pela interferência no processo.