"Desde 2017 que nós apelamos para a necessidade de reformas profundas no parque empresarial do Estado e este é um primeiro sinal positivo que estamos a assistir", disse Agostinho Vuma, presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique - CTA, durante uma conferência de imprensa em Maputo.

O Governo moçambicano autorizou, na terça-feira, a venda de 91%, a empresas estatais, da participação do Estado na transportadora LAM, indicando que o valor vai ser usado para aquisição de oito aeronaves.

"O Governo aprovou a resolução que autoriza a alienação de 91% de ações do Estado na empresa LAM por negociação particular", anunciou o porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa, após uma sessão deste órgão, em Maputo.

A resolução aprovada determina que apenas três empresas estatais - a Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB), os Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e a Empresa Moçambicana de Seguros (Emose) - podem adquirir a participação do Estado na LAM.

Para Agostinho Vuma, a medida vai ajudar o setor privado através da promoção do turismo, além de contribuir para uma melhor circulação de pessoas e bens em Moçambique e na região, esperando-se também que haja uma redução das tarifas.

"Esta é uma medida daquelas que nós esperávamos há muito tempo e acreditamos que nesses primeiros 100 dias pode ser uma lufada para nós como setor privado, mas sobretudo para todo um conjunto de sociedade que almejamos que a mobilidade seja cada vez mais fácil para nós como moçambicanos", acrescentou o responsável.

O executivo moçambicano esclareceu que as empresas que irão adquirir as ações da LAM terão de prestar informações periódicas ao Governo, visando analisar os impactos da sua intervenção no plano da reestruturação da estatal aérea.

A LAM avançou em 31 de janeiro com um procedimento para tentar contratar o fornecimento de aeronaves Embraer ERJ190 e Boeing 737-700, segundo edital consultado pela Lusa.

O concurso envolve a submissão de manifestações de interesse para o fornecimento de aeronaves, destes dois modelos, por empresas ou consórcios nacionais ou estrangeiros e vai decorrer até à próxima sexta-feira, dia 07.

Moçambique devolveu à Indonésia o avião cargueiro Boeing 737-300 após um ano sem operar, devido à falta de certificação nacional e do reconhecimento das modificações da aeronave pelo fabricante, confirmou em 23 de janeiro a autoridade reguladora da aviação.

O Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) de Moçambique instaurou um processo para investigar alegados esquemas de corrupção na venda de bilhetes da transportadora aérea moçambicana e sobre a gestão da frota da companhia, tendo apreendido diversos materiais.

A LAM opera 12 destinos no mercado doméstico, a nível regional voa regularmente para Joanesburgo, Dar es Salaam, Harare, Lusaca e Cidade do Cabo, sendo que Lisboa é o único destino intercontinental, mas tem enfrentado sucessivos problemas operacionais.

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