
Sabias que o dia em que Tiago Monteiro subiu ao pódio da Fórmula 1 — o único português a conseguir tal feito — também foi um dos mais insólitos da história do desporto?
Estávamos em 2005, no Grande Prémio dos Estados Unidos, em Indianápolis. Naquela grelha de partida, só 6 carros alinhavam — um deles o de Tiago Monteiro, ao volante de um Jordan.
Na altura, as equipas podiam escolher entre dois fornecedores de pneus: Bridgestone ou Michelin. E se essa liberdade parecia normal, naquele fim-de-semana foi precisamente o centro de um dos episódios mais bizarros da F1.
A Michelin descobriu que os seus pneus não aguentavam a pressão brutal da curva 13 — rápida, inclinada e inspirada na oval da Nascar e Indycar. A situação era tão grave que, mesmo nos testes, os compostos rebentavam.
Para proteger a segurança dos pilotos, a Michelin avisou que estes pneus não estavam em condições para correr.
Lembra-te que, nessa época, as paragens nas boxes serviam só para abastecer combustível, a possibilidade de mudar pneus não estava sequer em cima da mesa!
Depois de várias tentativas de solução — desde colocar uma chicane antes da curva, abrandar a velocidade ou a troca de pneus — nenhuma proposta foi aprovada pela FIA.
Resultado? As equipas com pneus Michelin fizeram a volta de apresentação e saíram logo para as boxes, deixando apenas os carros equipados com Bridgestone na pista.
Apenas Michael Schumacher, Rubens Barrichello, Tiago Monteiro, Narain Karthikeyan, Patrick Friesacher e Christijan Albers alinharam para as 73 voltas.
Nessa altura, Fernando Alonso, na Renault, liderava o Campeonato Mundial, com 59 pontos, com Kimi Räikkönen, da McLaren, na perseguição, com 37.
Michael Schumacher foi quem conquistou o pódio, depois de uma batalha acesa na curva 1, após o último pit stop, com o seu colega Barrichello — que, pelo rádio, foi instruído a abrandar, muito contra a sua vontade.
Mas quem realmente brilhou foi Tiago Monteiro. Ignorando todo o caos, o português levou a Jordan ao terceiro lugar e celebrou sozinho, fazendo história como o primeiro — e até hoje único! — piloto nacional a subir ao pódio na Fórmula 1.
E assim ficou marcado um dia de emoções fortes, decisões polémicas e um pódio português numa corrida que ninguém vai esquecer!