
Em comunicado, o TNSJ avança que Victor Hugo Pontes foi o candidato escolhido para assumir funções de diretor artístico do teatro para o quadriénio de 2025/2028.
O concurso internacional teve 17 candidaturas no total e cinco propostas chegaram à fase final de entrevistas.
A decisão do júri foi unânime, tendo sido considerado, na base da decisão, o reconhecimento de que Victor Hugo Pontes "é um artista com um percurso consistente e vibrante, reconhecido nacional e internacionalmente".
"Um artista que pensa o palco como um espaço vivo de experimentação formal, de reflexão crítica e de responsabilidade social", refere a nota de imprensa enviada à agência Lusa.
Em março foi anunciado que o TNSJ abriria concurso a 01 de abril para candidaturas para a direção artística, com entrada em funções em 2026.
Isto depois de, no final de dezembro, o TNSJ ter anunciado que ia realizar um novo concurso, depois de o candidato escolhido no anterior, o realizador Tiago Guedes, ter retirado a candidatura, "invocando compromissos profissionais em 2025 que se revelaram inadiáveis e incompatíveis com o exercício das funções para que seria designado".
Hoje, na nota de imprensa o TNSJ refere que Victor Hugo Pontes iniciará funções "em breve, em data a anunciar oportunamente".
O regulamento do concurso estabelece que tal ocorra num prazo máximo de três meses após a comunicação da deliberação do júri.
O TNSJ destaca que a candidatura apresentada por Victor Hugo Pontes revelou "um alinhamento consistente com o perfil desejado exposto na Carta de Missão do TNSJ e uma interpretação idiossincrática das orientações estratégicas plasmadas no documento".
A instituição descreve que o criador cénico preconiza "um caminho que assenta em cinco grandes eixos: sedimentação e renovação de repertório, valorização da criação emergente, diversificação de linguagens e públicos, reforço da dimensão educativa, e descentralização e afirmação internacional", metas identificados na Carta de Missão do TNSJ, "reorganizadas ou impulsionadas por uma lógica de transversalidade que constitui a pedra de toque da sua candidatura".
Natural de Guimarães e a viver no Porto, Victor Hugo Pontes (1978) é professor, encenador, cenógrafo e coreógrafo.
O TNSJ descreve que o seu trabalho reflete a sua formação multidisciplinar em artes plásticas pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e em teatro pelo Balleteatro Escola Profissional, complementada por uma posterior formação em dança, no curso de Pesquisa e Criação Coreográfica do Forum Dança.
Victor Hugo Pontes fez o curso de Encenação de Teatro na Fundação Calouste Gulbenkian, dirigido pela companhia inglesa Third Angel, e, em 2006, o curso do Projet Thierry Salmon -- La Nouvelle École des Maîtres, dirigido por Pippo Delbono, na Bélgica e em Itália.
Foi assistente de encenação de Nuno Cardoso durante dez anos. Nuno Cardoso esteve na direção artística do TNSJ de 2019 a 2024.
O júri do concurso internacional foi composto pelo presidente do Conselho de Administração do TNSJ, Pedro Sobrado, pela vogal do Conselho de Administração do TNSJ, Cláudia Leite, pela professora universitária e investigadora teatral, Alexandra Moreira da Silva, pelo escritor Rui Laje, bem como pelo produtor teatral e gestor cultural, Salvador Santos, e a deliberação unânime foi a comunicada e aceite pela ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Margarida Balseiro Lopes.
"[O novo diretor artístico do TNSJ] vem afirmando a sua distintiva marca autoral por via dos diálogos descomplexados que promove com diferentes disciplinas, como o teatro, a dança, a música, as artes plásticas, o cinema, que exercita uma ética colaborativa, envolvendo-se ativamente como coreógrafo, encenador, intérprete e formador em processos de criação com outros artistas e instituições culturais que adquiriu, na direção artística da associação cultural Nome Próprio, uma comprovada competência organizativa", lê-se na nota do TNSJ.
Victor Hugo Pontes assumiu a direção artística da Nome Próprio -- Associação Cultural em 2009, que fundara em 2000.
O TNSJ realça ainda que o percurso do próximo diretor artístico "se repercute na pluralidade de intérpretes que dirige e envolve nos seus projetos artísticos, trabalhando com os mais variados elencos e intérpretes com e sem formação em artes performativas e de diferentes faixas etárias, explorando um universo artístico inclusivo e diversificado".
É ainda acrescentado que o seu trabalho tem sido amplamente apresentado em território nacional, passando por teatros como o Teatro Nacional São João, Teatro Municipal do Porto -- Rivoli, Centro Cultural de Belém, e internacionalmente em países como Alemanha, Bélgica, Brasil, Espanha, França, Itália, Países Baixos e Rússia.
Victor Hugo Pontes foi nomeado para diferentes edições dos Prémios da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) na categoria de Dança -- Melhor Coreografia, com os espetáculos "A Ballet Story" e "Os Três Irmãos", e em 2019 venceu nessa categoria com o espetáculo "Margem". Fez ainda parte do programa DanceWeb 2017 do Festival ImPulsTanz em Viena, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian.
O regulamento do concurso do TNSJ estabelece que as funções na direção artística devem ser exercidas em regime de exclusividade, com a eventual participação em projetos artísticos externos a ter de ser autorizada pela tutela da Cultura.
O mandato à frente do TNSJ terá a duração de quatro anos, eventualmente renovável por duas vezes.
Nuno Cardoso assumiu a direção artística do TNSJ em janeiro de 2019 -- sucedendo no cargo a Nuno Carinhas (2009-2018) e a Ricardo Pais (2002-2009) -- tendo sido reconduzido em julho de 2022 para o triénio de 2022-2024. Cardoso foi candidato ao concurso que escolheu Tiago Guedes.
[Notícia atualizada às 12h57]