
Durante três dias e numa emissão especial daRádio Renascença, Ana Galvão, Joana Marques e Inês Lopes Gonçalves recebem 300 convidados durante a iniciativa Três por Todos, que promove a luta contra a violência doméstica. À margem do evento, estivemos à conversa com Carlão que deu a sua opinião sobre esta dura realidade.
Para o arista, é importante haver uma “união das pessoas” em relação a esta causa.“É importante falar, é importante discutir estas coisas todas, nunca é suficiente. Infelizmente, estamos numa altura em que está a haver um grande retrocesso em termos de mentalidade e de ideologias, numa altura em que estávamos a avançar em campos como as aulas de cidadania, que a minha própria filha dizia que até eram curtas”, começou por referir.
“Estão a tentar empurrar as mulheres de volta para um lugar que lhes foi atribuído e que, na verdade, nunca foi o delas, foi uma construção da sociedade e do homem, nós temos essa culpa. Portanto, é fundamental as pessoas darem a cara, falarem sobre isso abertamente e haver uma consciencialização. Muitos de nós acabam por não ter a perceção de que vivemos num mundo em que nem todas as pessoas, ou a maior parte delas não tem as mesmas oportunidades”, reforçou ainda.
Enquanto pai de duas raparigas, Carlão refere que "faz muita falta conversar". “Estava a falar com a Sara Prata e ela estava a dizer uma coisa importante, que é educar os nossos filhos, não só as filhas, porque as filhas, claro que têm de ser educadas e estar alerta, mas eu acho que faz falta, haver uma sensibilização para uma educação mais emocional dos homens. E estávamos a avançar tão bem nesse sentido e parece que, um pouco por todo o mundo, por estes regimes mais totalitários e pessoas super tóxicas, machistas, misóginas e racistas, tudo está tudo a andar para trás”, lamentou.
“Eu falo muito com amigos e amigas sobre isso e acho que andamos todos à procura da melhor maneira de fazer isto (…) Já não é a escola que educa os nossos filhos, são as redes [sociais]", acrescentou.
Desta forma, Carlão defende o diálogo entre pais e filhos." Se tentas entrar na conta do Instagram do teu filho ou filha, ela tem três ou quatro contas, portanto não é por aí, esquece. É dar-lhe o outro lado, discutir, conversar e perceber o que é que se passa antes de apontar o dedo. É muito normal, se tu vives numa realidade, agires em conformidade com os códigos dessa realidade. Se os miúdos estão a viver num círculo onde é permitido e é validado um certo tipo de comportamento, para eles é normal. Compete-nos a nós dizer que não é normal”, destacou ainda
“Estas causas não são só pela mulher. Tal como o racismo não é só pelos negros, é por todos nós”, completou.