
Cristina Oliveira sentou-se à conversa com Daniel Oliveira no programa Alta Definição, da SIC, deste sábado, 24 de maio. Durante a conversa, a atriz recordou um período mais duro da sua vida, em que não teve trabalho na representação.
"Há travessias no deserto e, às vezes, perde-se a esperança. Dá vontade de desistir, pensamos que já ninguém nos quer e que estamos ultrapassadas. Houve uma altura em que fiz empadas sem glúten para o café de uma amiga minha, houve outra altura em que bordei por encomenda", disse, referindo àquela fase desafiante.
A cara da ficção nacional confessou que teve de procurar ajuda profissional para sair do estado em que se encontrava. "Só conseguimos recuperar com ajuda. Há alturas em que há trabalho de todo o lado, e depois há outras em que parece que ninguém sabe da nossa existência", frisou.
E foi a família quem lhe deu o maior apoio e que a incentivou a procurar ajuda especializada. "Obrigaram-me a ir ao médico, a tratar-me. Deram-me força para sair disto e acreditar que não era má pessoa. Só queria estar fechada no meu quarto. Já não tomava banho, alimentava-me mal. Não ligava à minha saúde, comia muitos doces, desleixei-me", recordou.
"Isto aconteceu tudo na pandemia. Até aí, tinha estado a trabalhar. Foi a única altura na minha vida em que perdi a esperança, achava que a pandemia nunca mais ia acabar. Nessa fase, nunca tive aquela vontade de suicídio. Mas tive uma grande curiosidade, ia ter com os meus pais. Achava que era um peso, as pessoas andavam preocupadas comigo. Mais valia ir para outras paragens", confessou.
A amizade com João Baião
A atriz falou ainda sobre o apoio de duas pessoas únicas. "Eu ainda estou em processo de terapia, ainda estou à procura de algumas respostas. [...] Tive dois amigos que nunca me abandonaram e que sempre me chamaram para trabalhar. É o Óscar Branco e o João Baião. Eu acho que o Baião é a minha alma gémea do palco, ele costuma chamar-me de esposa. É um grande amigo destes anos todos. Com ele, eu vou até ao fim do mundo se for preciso", disse, declarando-se ao rosto das manhãs da SIC.
Ainda sobre o processo de recuperação, Cristina Oliveira recordou como tudo aconteceu. "Primeiro, fui a uma psiquiatra e tive de ser medicada. Depois, com a psicoterapia comecei a melhorar e a ter energia para as coisas simples, como ir ao supermercado", explicou.
"Depois, veio o convite do João Baião para fazer o 'Monólogo das Vacinas'. Hoje, ainda tomo medicação e vou à minha psicóloga maravilhosa. Mas, curiosamente, quando vejo a minha neta passa-me tudo. Ser avó é uma coisa extraordinária. Nunca tive vergonha de dizer que tomo antidepressivos, que faço terapia, é importante falarmos nisso", completou.
Se estiver a sofrer com alguma doença mental, tiver pensamentos auto-destrutivos ou simplesmente necessitar de falar com alguém, procure ajuda.
SOS Voz Amiga (entre as 16h e as 24h) – 213 544 545
Conversa Amiga (entre as 15h e as 22h) – 808 237 327 (Número gratuito) e 210 027 159
SOS Estudante (entre as 20h e a 1h) – 239 484 020
Telefone da Esperança (entre as 20h e as 23h) – 222 080 707
Telefone da Amizade (entre as 16h e as 23h) – 228 323 535