
Ana Garcia Martins foi uma das figuras públicas que se insurgiu contra as declarações polémicas de João Barbosa, mais conhecido como Numeiro. Em causa está um vídeo do influenceronde este afirma que "mulher que namora não sai à noite".
"Eu percebo quando dizem 'não se deve dar palco a essa gente, não se deve ampliar esse tipo de discurso, devemos só deixá-los no vazio', que é mais ou menos como a cabeça deles, vazia, uma enorme corrente de ar a passar ali dentro, mas eu não sei se estou completamente de acordo com isso porque acho que é preciso vocalizar este tipo de situação e passar a mensagem que isto não é normal, não é aceitável", disse no vídeo abaixo.
"Se calhar muita gente que segue estes pequenos trolls acha que faz sentido tratar as mulheres desta forma, achar que são donos delas, opinar sobre o que elas vestem, o que elas leem, onde elas vão, o que elas comem, as pessoas com quem se dão e não é", acrescentou, incentivado as pessoas para que digam que "'isto não é aceitável, isto é o oposto do aceitável, isto é altamente condenável, não podemos perpetuar este tipo de comportamento, não podemos permitir que estas pessoas abram a boca para transmitir este tipo de mensagem'". "Usa-se muito a liberdade de expressão para poder dizer só m****."
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"Não devia ser permitido abrir a boca para dizer estas atrocidades. Eu juro que fico chocada, sobretudo pela idade, por pensarem assim, por terem seguidores igualmente jovens, muito jovens, às vezes adolescentes que pensam assim e que vão só andar por aí a dizer 'eu posso tratar a minha namorada assim porque o Numeiro disse que eu podia'. Não podem, está bem? Parem com essa m****, temos uma petição a decorrer assinada por milhares de pessoas sobre violência contra mulheres, temos assistido a uma data de casos de violações, conteúdos indesejáveis, todos os dias atrocidades e atentados contra as mulheres e está numa onda crescente. Não vai dar para continuar a passar pano e a passar a mão na cabecinha destes jovens", continuou.
A influencer deixou ainda um alerta para os "perigos" deste tipo de declarações:"Deixem-nos em paz, parem de querer mandar em nós. Fedelhos, tenham juízo. Esta banalização e, pior, glorificação de atos absolutamente atrozes é perigosissima porque, de repente, temos uma cambada de anormais so a pensar: 'qual é a coisa mais estúpida que eu posso fazer para ter likes, para ter mais seguidores?' Eles sabem que, ao fazer estas m****, há um bando ainda maior de outros anormais que querem ver. 'Qual é a coisa mais estúpida que eu posso fazer? É violar uma mulher? É pôr fotos dela nua a rodar num grupo de WhatsApp? É fazer um discurso de incentivo ao ódio a dizer que as mulheres não podem ir a uma discoteca, não podem vestir-se como elas querem?' É esta banalização deste tipo de atitudes que acho mesmo assustadora", destacou.
"É tão culpado quem faz estas coisas como quem assiste, quem segue. São todos farinha do mesmo saco.Há um sentimento de impunidade muito grande porque sabem que podem fazer tudo e as consequências são zero", afirmou, frisando que deveria "começar a haver uma política mais rígida nas redes sociais".