Homem do espetáculo e muito acarinhado pelo público português, Pedro Alves mostrou o seu lado mais criativo nesta última temporada de Taskmaster, da RTP 1, que chegou ao fim no passado domingo, 1 de junho. Afirma que abraçou este desafio “para se divertir e divertir os outros”, mas não esconde que não sabia exatamente ao que ia. “Não conhecia bem o formato, conhecia pelas coisas que a minha mulher e a minha filha me diziam que viam e gostavam, mas não sabia muito bem como é que as coisas aconteciam, para ser sincero”, confessa à TV 7 Dias, com o humor que lhe é característico.

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Feliz por ter abraçado este desafio e por se ter permitido a “mergulhar” nesta competição “desconcertante”, que mistura a competição com a criatividade, o humorista não esconde como a imprevisibilidade o apanhou de surpresa. “A sensação com que ficamos quando acabam as provas é sempre de que fomos burros e que fizemos a pior coisa do mundo. Mas depois quando víamos no estúdio afinal não tinha sido assim tão mau, por outro lado, quando achávamos que tínhamos feito uma cena do caraças, no estúdio é que víamos que tinha sido borrada total”, admite Pedro Alves, recordando a tarefa que mais o marcou e que envolveu um veículo motorizado. “Foi uma cena altamente porque tive o impulso de sair do carro e ir à procura de alguma coisa, e depois foi um problema para o voltar a encontrar porque estávamos com os olhos vendados. O que me lembro foi que fiquei com aquela sensação de: ‘Epá que burro, como é que foi possível ter saído do carro e pensar que estava cinco passos atrás e não estava’. Andei às aranhas!”, confessa.

Apesar da sua carreira como humorista, Pedro Alves garante que viveu esta experiência tal como os seus “amigos e família” o conhecem, sem “muletas nem bengalas” até porque “lá não servem absolutamente para nada”, e que o melhor desta experiência foi privar com alguns colegas de profissão e, sobretudo, com Nuno Markl e Vasco Palmeirim que considera serem “os maiores”. “Acho que a diferença entre os dois provoca uma igualdade e uma mistura tão fixe que acho que só mesmo eles é que conseguem fazer isso. Mas existe mais afinidade, neste projeto com o Markl, porque é mesmo aquilo que se vê: é a pessoa mais calma do Mundo, a mais paciente, mas consegue enervar-nos pela forma monocórdica com que fala”, conta, frisando ainda que com o restante elenco fixo, composto por Ana Garcia Martins, Gilmário Vemba e Gabriela Barros, a rivalidade ficou à porta. “Nós não podíamos comentar as provas que fazíamos uns com os outros. A única rivalidade que temos é aquela boa de estarmos sempre ali um bocadinho na picardia no estúdio”, explica.

Garante que não hesitaria em voltar a viver esta experiência, no entanto não esquece algumas mazelas que este formato lhe trouxe. “No primeiro ou segundo dia de provas saí tão desvairado do sítio onde estava à procura de algo que consegui esbarrar contra um vidro que não vi. Saí de lá tão depressa, e isso não foi filmado porque foi fora da zona de gravação, mas a malta da produção assistiu e até pensaram que me tinha magoado. Fiquei bem, e a marca no vidro ficou lá até ao fim do programa, fizeram questão de a deixar lá!”, atira, entre risos, sublinhando ainda como o programa o desafiou criativamente: “A parte mais complicada destes desafios criativos foi o facto de terem acontecido às nove da manhã, porque nós não temos a centralina a trabalhar totalmente, e às nove da manhã tens aquelas provas que são autênticas comidelas de cérebro. Isso também influência muito o desempenho que temos em certas provas”.

E se estivesse no lugar de Vasco Palmeirim como Taskmater, que tarefa é que criaria para os concorrentes? “Pedia para fazerem um bitoque de alumínio. Gostava de ver o que é que o pessoal ia fazer para cozinhar e fazer um bitoque de alumínio.”

Em tempos difíceis como os que o Mundo atravessa, Pedro Alves considera que o humor “é o analgésico para tudo na vida”. “Tenho a sorte de esse analgésico fazer parte de como ganho a vida. Falando da minha dupla com o João Paulo Rodrigues, temos uma procura enorme pelos nossos espetáculos e isso demonstra que as pessoas precisam do humor e daquele bocadinho que as façam esquecer os problemas pessoais, os problemas de saúde e mais alguma coisa. Além disso, o humor é também uma excelente forma de comunicação, para assuntos que se calhar antigamente não se abordavam”, termina.

Texto: Telma Santos (telma.santos@impala.pt); Fotos: Madalena Esteves/Fremantle, Impala