A morte de Manuel Trindade tem trazido muita revolta nas redes sociais, principalmente pela divisão de opiniões no que diz respeito às touradas.

Desta vez, e após a mãe do forcado de 22 anos se ter pronunciado, foi a vez de Pedro Chagas Freitas falar e revoltar-se contra as mensagens ofensivas que têm vindo a ser partilhadas.

“Morreu um rapaz de vinte e dois anos. E há uma multidão de idiotas que, ancorados numa pretensa luta civilizacional, celebram a morte de um miúdo. Abomino touradas. Mas tenho medo dos radicais. De todos. Dos que matam em nome de um ideal, dos que agridem em nome de um amor, dos que berram atrás de hashtags. Sou radicalmente contra os radicais”, começou por dizer.

“Os imbecis que celebram a morte…”

“Assustam-me. O radical não vê pessoas; vê símbolos, caricaturas, bandeiras, possibilidades de combate. Vê um toureiro; não vê um filho. Vê alguém para reforçar a narrativa. Ao fazê-lo, perde o contacto com a experiência humana. Ao rirem-se da morte de um jovem, tornam-se mais bárbaros do que a barbárie que dizem combater”, acrescentou. Sobre os alegados comentários negativos atirou: “Os imbecis que celebram a morte acreditam ser moralmente superiores. Não percebem que moralidade desaparece no instante em que se festeja o fim de alguém. São iguais aos radicais de qualquer seita: justificam tudo em nome da causa. Hoje é a tauromaquia, amanhã é outra coisa qualquer. Desumanizar o outro torna aceitável a sua aniquilação. O perigo maior é esse: aceitar que a morte de alguém pode ser justa só porque não gostamos daquilo que ele representava.”

Por fim, expressou-se pelo facto do forcado ter doado órgãos e salvo, assim, sete vidas:“O Manuel Trindade, no gesto final, salvou vidas. Sete. Vai ajudar sete pessoas a respirar, a andar, a sorrir, porque ele deixou o corpo para trás. O meu filho está vivo porque outro, tão heróico quanto este, morreu e deixou o fígado dele. É horrível e maravilhoso ao mesmo tempo.”

“Para a mãe, para a família, para os amigos, deixo aqui um abraço sem tamanho. O vazio ocupa muito espaço. Aguentem-se como puderem. Se precisarem de algo da minha parte, estou aqui”, rematou Pedro Chagas Freitas.

Texto: Maria Constança Castanheira; Fotos: Redes Sociais

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