O gigante japonês prepara-se para recuperar terreno no segmento elétrico com uma abordagem meticulosa e focada nos mercados emergentes. A nova fábrica dedicada na Índia marca o início de uma ambiciosa expansão global.

Enquanto marcas como a Zero Motorcycles acumulam quase duas décadas de experiência no desenvolvimento de motos elétricas, a Honda tem adotado uma postura mais cautelosa neste segmento. Esta abordagem não é acidental, mas sim estratégica para uma empresa que controla aproximadamente 40% do mercado global de motociclos e pretende expandir esta posição dominante também para o universo elétrico.

A estratégia da Honda revela-se agora com a construção de uma fábrica especializada em veículos elétricos de duas rodas em Bengaluru, Índia, com inauguração prevista para 2028. A escolha do local não é aleatória: a Índia está a atravessar uma transformação massiva na mobilidade elétrica, com forte apoio governamental e incentivos monetários que criam um ambiente propício ao sucesso. Enquanto fabricantes locais como a Ola Electric enfrentam desafios, a Honda tem observado atentamente, preparando o seu movimento estratégico.

O plano da Honda estende-se além da Índia, com expansão planeada para outros mercados recetivos aos veículos elétricos, como a Indonésia e as Filipinas, antes de avançar para uma presença global mais ambiciosa. A empresa optou por padronizar componentes de desenho e adquirir baterias a fornecedores externos, procurando maximizar a eficiência e reduzir custos para competir eficazmente nos mercados emergentes.

Esta estratégia de “deixar os outros irem à frente” permite à Honda identificar e evitar os erros dos concorrentes mais impacientes, preservando a sua reputação de fiabilidade enquanto se prepara para dominar o tabuleiro. Contudo, a competição não será fácil: os fabricantes chineses estão a ganhar terreno rapidamente no sector elétrico, tanto em duas como em quatro rodas. A questão que permanece é se a legendária reputação de qualidade e estabilidade da Honda será suficiente para justificar um preço premium no atual clima económico desafiante.

Source: Rideapart