"Muitos supostos especialistas afirmam que, como os óleos de canola, milho, girassol e cártamo contêm altos níveis de ácidos gordos ómega-6 podem causar inflamações perigosas no corpo que, por sua vez, podem alimentar o desenvolvimento de doenças crónicas e de cancro", começou por escrever Dana Schulz ao BestLife.

"Mas muitos médicos têm refutado essas alegações e, agora, um novo estudo sugere que os óleos de sementes, na verdade, têm benefícios anti-inflamatórios", explicou.

O movimento contra os óleos de sementes ganhou força depois que Robert F. Kennedy Jr. ter sido nomeado pelo presidente Donald Trump para chefiar o Departamento de Saúde e Serviços Humanos. Como observou o The New York Times, RFK afirmou que os americanos estão a ser "inconscientemente envenenados" por esses óleos.

Essas alegações podem ter origem no facto de os óleos de sementes estarem presentes na maioria dos alimentos processados, os quais têm sido associados às taxas mais altas de cancro do cólon nos jovens.

Também foram publicados estudos que sugeriram que o ácido gordo ómega-6, presente em grandes quantidades nos óleos de sementes, "tem propriedades inflamatórias que estimulam o crescimento do tumor" no cancro do cólon, tal como a Best Life relatou.

Novos estudos desmascaram essas teorias sobre óleos de sementes

No entanto, um novo estudo publicado na revista Nutrients oferece evidências que desafiam essas teorias sobre os óleos de sementes.

Para o estudo, e de acordo com um comunicado de imprensa, os investigadores propuseram-se a entender melhor como o ácido linoleico (AL) - o ácido gordo ómega-6 específico encontrado em óleos de sementes - afeta a inflamação.

Os autores analisaram amostras de sangue de 2700 indivíduos e verificaram os níveis de AL e de ácido araquidónico (AA) (outro ómega-6). Além disso, também verificaram 10 biomarcadores relacionados com a inflamação para verificar se e como o AL e o AA os elevavam.

No final, concluíram que o LA e o AA não foram associados a níveis mais elevados de nenhum biomarcador.

"Estes novos dados mostram claramente que pessoas com níveis mais altos de LA e AA no sangue apresentam um estado menos inflamatório do que pessoas com níveis mais baixos. Esta descoberta é exatamente o oposto do que se esperaria se os ácidos gordos ómega-6 fossem 'pró-inflamatórios' - na verdade, eles parecem ser anti-inflamatórios", explicou o investigador do estudo, William S. Harris.

E acrescentou: "No meio das notícias sobre os malefícios dos óleos de sementes, existem ainda muitas vozes pedem a redução da ingestão de LA pelos americanos. Esta não é uma recomendação com base científica, e este estudo - além de muitos outros - aponta precisamente na direção oposta: ao invés de reduzir a ingestão de LA, aumentá-la parece ser uma recomendação mais saudável. Estas descobertas contradizem uma narrativa, não resultados de estudos anteriores. Há muitos estudos na literatura médica que são consistentes com as nossas descobertas atuais."

Outros estudos mostraram que o ómega-6 pode reduzir o risco de cancro

"A teoria de que o ómega-6 causa inflamação frequentemente anda de mãos dadas com o facto de que o ómega-3 possui propriedades anti-inflamatórias bem conhecidas. Muitas pessoas sugerem que dietas ricas em ómega-6 tendem a ter menos ómega-3", explica Dana Schulz.

No entanto, um estudo publicado no ano passado, no International Journal of Cancer, revelou que o consumo de ácidos gordos ómega-3 e ómega-6 poderia reduzir o risco de 19 tipos de cancro.

Mais especificamente, os ómega-6 reduziram a taxa de cancros da cabeça e pescoço, esófago, estômago, cólon, reto, trato hepatobiliar, pâncreas, pulmão, tecido conjuntivo mole, rim, bexiga, cérebro e tiróide, bem como reduziram as taxas de melanoma maligno.

Além disso, a Associação Americana do Coração (AHA) observa que "o ómega-6 é uma gordura poli-insaturada que o corpo necessita, mas não consegue produzir, por isso precisa de a obter através dos alimentos. As gorduras poli-insaturadas ajudam o corpo a reduzir o colesterol mau, diminuindo o risco de doenças cardíacas e AVC's".