
O vogal da Direção da Confederação Portuguesa de Voluntariado, Alfredo Abreu, defendeu a urgência de promover um voluntariado mais inclusivo e humano, capaz de combater a exclusão social e de envolver todas as pessoas na construção de comunidades mais justas. As declarações foram proferidas durante a conferência «Voluntariado e Inclusão: Caminhos para o Futuro», organizada pela Fundação Eugénio de Almeida, no âmbito das comemorações dos 25 anos do seu Programa de Voluntariado.
Alfredo Abreu começou por enaltecer o papel da Fundação Egénio de Almeida, não só a nível local, como regional e nacional, afirmando que «a Fundação, que está numa cidade e que serve bem a esta cidade, serve também a região e serve o país inteiro».
O responsável destacou a relevância do tema em debate e reforçou a ideia de que a inclusão, no contexto do voluntariado, não é uma abstração. «Quando falamos de inclusão não é um conceito vago. São pessoas. Pessoas que têm a sua própria história, têm os seus próprios desafios e que nós trazemos e convidamos a fazer caminho connosco», afirmou, lembrando que a exclusão social continua a ser um dos principais problemas das sociedades atuais.
Segundo o responsável o voluntariado pode ser uma ferramenta real de inclusão. «Desenvolvemos até o pensamento de que o grau de sucesso do nosso trabalho no voluntariado é haver estas pessoas que nós servimos e acompanhamos um dia estarem ao nosso lado a servir outros. E então isto é o nosso sonho.»
Alfredo Abreu apresentou ainda exemplos internacionais, nomeadamente um projeto espanhol que envolveu pessoas com deficiência intelectual em ações de voluntariado internacional no México. «Levaram uma equipa de pessoas para fazer voluntariado no México […] e as famílias reportaram uma grande mudança nas pessoas. Elas sentiram, ouvimos os testemunhos delas», afirmou, sublinhando que «temos medos, temos preconceitos, mas isto é perfeitamente possível de fazer».
Assumiu preocupação com os sinais de desumanização e polarização na sociedade contemporânea, frisando que «a exclusão é, porventura, o pior dos males da nossa sociedade, porque nós, como seres humanos, fomos desenhados para a pertença. Quando pertencemos, florescemos; quando somos excluídos, definhamos».
Na perspetiva da Confederação Portuguesa de Voluntariado, o voluntariado é também uma construção coletiva e geracional. «Na minha geração, eu pensei que nós já tínhamos conquistado o espaço para todos, e agora estamos a ver que não está. Porque é uma construção que temos que continuar a fazer em cada geração.»
Para Alfredo Abreu, «o voluntariado inclusivo é agora algo urgente, extremamente prioritário, não só para os potenciais beneficiários […] mas para nós próprios». Defendeu que as ações inclusivas não devem ser avaliadas pela dimensão ou visibilidade, mas sim pelo impacto humano: «As expressões do voluntariado inclusivo medem-se mais pela luz que elas produzem do que propriamente pela quantidade e imponência que elas possam ter.»
A concluir, dirigiu palavras de reconhecimento à Fundação Eugénio de Almeida, referindo que «tem há muito tempo esta preocupação. Não é de hoje. Têm produzido publicações, formações, ações no terreno e hoje estamos a celebrar isso com muito gosto».