
A Câmara de Vendas Novas, no distrito de Évora, alertou para “graves falhas na distribuição postal” no concelho e reclamou dos CTT, da ANACOM e do Governo a “reposição imediata da qualidade” deste serviço.
Em comunicado, o município explicou que, atendendo às “graves falhas na distribuição postal verificadas em Vendas Novas”, o presidente da câmara, Valentino Salgado Cunha, enviou uma exposição à administração dos CTT – Correios de Portugal.
O documento, que foi remetido esta sexta-feira, seguiu também para a Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), com conhecimento ao Governo, mais precisamente ao ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz.
Na exposição, explicou a autarquia, é exigida “a reposição imediata da qualidade, disponibilidade e regularidade do serviço” postal.
E é também solicitado à ANACOM que “verifique a necessidade de aplicação de multas [aos CTT] por incumprimento, conforme previsto no contrato de concessão”.
Valentino Salgado Cunha (PS) sublinhou “a necessidade urgente de reforço dos recursos humanos [dos correios], reconhecendo o esforço diário dos trabalhadores em assegurar um serviço de qualidade”.
“O município paga o serviço de distribuição de correspondência, nomeadamente no que se refere às faturas de água e outras notificações associadas, devendo a empresa cumprir integralmente as suas obrigações contratuais de distribuição”, reclamou a autarquia.
Apesar de os CTT terem sido privatizados, lembrou a câmara, “tal facto não implica que o serviço postal possa ser comprometido”.
E a empresa está, sim, obrigada, “ao abrigo do Contrato de Concessão do Serviço Postal Universal, a assegurar a ‘continuidade, disponibilidade e qualidade’ do serviço, bem como a distribuição diária, em dias úteis” do correio.
Para o autarca, “esta empresa privada não pode garantir os seus lucros à custa de um serviço público essencial para a população, causando prejuízos e incómodos significativos na vida das pessoas”.
No início de junho, o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), Eduardo Rita, revelou à agência Lusa que o novo modelo de distribuição postal na zona de Évora em implementação pelos CTT – Correios de Portugal estava a provocar atrasos nas entregas e o descontentamento dos trabalhadores, que cumpriram então uma greve parcial.
Também em meados de junho, o presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá (CDU), e a assembleia municipal, através de uma moção, protestaram contra os atrasos na distribuição de correio também neste concelho e exigiram aos CTT a reposição da regularidade e qualidade do serviço.
Os trabalhadores dos CTT afetos à área do Código Postal de Évora vão voltar a fazer greve ao segundo período de trabalho, a partir desta segunda-feira e até dia 18 deste mês, contra o novo modelo de distribuição, anunciou SNTCT.
O secretário-geral deste sindicato, Eduardo Rita, realçou à Lusa, na sexta-feira, que os trabalhadores voltam à greve por considerarem que alguns problemas não foram resolvidos.
Aquando da greve anterior, os CTT, numa resposta à Lusa por correio eletrónico, confirmaram que estavam a implementar um novo modelo de distribuição postal na região de Évora, com vista a melhorar o serviço ao cliente e reforçar a qualidade.
“Como é natural nestes processos, a distribuição tem registado alguns constrangimentos, fruto do processo de adaptação a este novo modelo”, justificou então a empresa, prevendo, na altura, regularizar os problemas nas semanas seguintes.