Na sequência dos ataques que aconteceram no dia 10 de junho, levados a cabo por grupos nazis, centenas de pessoas manifestaram-se hoje em Lisboa, em frente ao local onde aconteceu um dos ataques, no histórico teatro “A Barraca”.

Esta concentração aconteceu de forma expontânea, mobilizando famílias, estudantes, profissionais da cultura, reformados e pensionistas, que se juntaram para exigir ao Governo e à Justiça que condenem os grupos neo-nazis responsáveis por agredir e aterrorizar portugueses nas ruas de Lisboa e do Porto.

Entre reivindicações, destaca-se a necessidade de mais políciamento de proximidade que garanta a segurança dos portugueses perante ataques de grupos terroristas, como é o caso do grupo “Blood & Honour”, um grupo estrangeiro que opera em Portugal e que é considerado terrorista e criminoso na maioria países europeus.

Depois do trabalho realizado pela Polícia Judiciária na elaboração do Relatório Anual de Segurança Interna, o governo de Luís Montenegro decidiu censurar a versão original, retirando estes grupos da versão final do relatório, sem justificar o porquê de agora eliminar do RASI um grupo terrorista com vários episódios de violência reportados.

Outra exigência dos manifestantes é a criminalização dos grupos neo-nazis que estão muitas vezes associados ao narcotráfico, a crimes violentos contra portugueses e imigrantes legalizados e ainda a situações de perseguição política. Um dos terroristas neo-nazis que estava presente na noite do ataque, já teria sido preso no passado, na sequência do assassinato de Alcindo Monteiro, também por Skinheads, mas acabou por cumprir uma pena reduzida.

A primeira intervenção da manifestação coube a Maria do Céu Guerra, de 82 anos e responsável pelo teatro “A Barraca” localizado na zona de Santos-o-Velho, em Lisboa. A atriz portuguesa fala na “vergonha” que sente relativamente à posição do Governo e exige uma forte atuação da polícia e dos tribunais perantes estes crimes.

Diz ainda que, enquanto portugueses, “merecemos melhor que isto”, referindo-se à incompetência do atual governo liderado pelo PSD e com o apoio parlamentar do Chega, Iniciativa Liberal e Partido Socialista.

Já Rui Galveias, do Sindicato dos Trabalhadores de Espectáculos, do Audiovisual e dos Músicos – CENA-STE, condenou a passividade institucional face a estas ameaças e exigiu uma resposta urgente do Governo, sublinhando que “tem de optar se continua a normalizar este discurso ou se se afasta dele”.

Reivindica também a defesa ativa da Constituição e dos valores portugueses de abril, explicando que através desta manifestação, os profissionais do sector afirmaram que “a Cultura é resistência” e garante que permanecerão “unidos em defesa dos valores da Solidariedade e da Liberdade”.

O homem de 20 anos que agrediu o ator Adérito Lopes continua à solta. Gustavo R. desculpou-se da agressão dizendo que estaria alcolizado quando disferiu golpes de soqueira sobre o ator português.

Pediu ainda ao seu advogado – alegadamente pago pelos pais – um espaço de emissão na comunicação social, que lhe foi concedido pela TVI, para se desmarcar do grupo de neo-nazis com quem admitiu, durante essa mesma entrevista, estar em convívio regularmente. Segundo o Expresso, o homem de 20 anos também participa de fóruns online onde se tornou próximo de outros grupos de Skinheads.