Os enfermeiros da Unidade Local de Saúde (ULS) Estuário do Tejo – Hospital de Vila Franca de Xira, vão realizar uma greve nos turnos da manhã e da tarde no próximo dia 29 de abril, acompanhada de uma concentração marcada para as 11h00, junto à entrada principal da unidade hospitalar.

No centro do protesto está a não contabilização, por parte da administração, dos anos de trabalho prestado durante o período em que o hospital esteve sob gestão de Parceria Público-Privada (PPP) para efeitos de progressão na carreira. Esta situação, segundo os profissionais, tem gerado um sentimento generalizado de injustiça e desvalorização, levando inclusive à saída de muitos enfermeiros da instituição.

Entre as reivindicações, os enfermeiros exigem a contabilização de todos os pontos necessários à progressão, independentemente do mês de entrada, incluindo os anos com vínculos precários e o tempo prestado noutras instituições. Reclamam ainda a contratação urgente de mais profissionais para responder às crescentes necessidades da população, a aplicação das 35 horas semanais a todos os enfermeiros, bem como a regulação dos horários de trabalho de forma a possibilitar a conciliação entre vida pessoal e profissional.

Outra exigência prende-se com a harmonização das condições de trabalho entre colegas com Contrato Individual de Trabalho (CIT) e Contrato de Trabalho em Funções Públicas (CTFP), nomeadamente através da atribuição de um dia de férias por cada decénio de serviço aos enfermeiros com CIT — prática já implementada em 22 ULS do país.

Os profissionais exigem também o fim da mobilização aleatória entre serviços, defendendo a fixação dos enfermeiros nos respetivos locais de trabalho, de modo a garantir segurança para utentes e profissionais.

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) denuncia que, apesar de já ter solicitado nova reunião com o Conselho de Administração da ULS Estuário do Tejo, até à data não obteve qualquer resposta. Considera ainda inadmissível que, após a ULS Loures-Odivelas ter procedido à contagem dos anos de serviço para progressão dos enfermeiros do Hospital de Loures, os de Vila Franca de Xira continuem a ser os únicos no país a enfrentar esta discriminação.

Num contexto em que se fala do regresso das PPP na saúde, os enfermeiros apelam à luta pela preservação dos seus direitos e pela valorização profissional, lembrando que conquistas como as 35 horas semanais, o pagamento de trabalho extraordinário e a progressão na carreira continuam ameaçadas.

“É tempo de exigir justiça”, afirmam, reforçando a necessidade de medidas urgentes para atrair e reter profissionais no Serviço Nacional de Saúde.