
O encerramento do lavadouro industrial da Guarda, em janeiro deste ano, veio agravar a já frágil situação da fileira da lã em Portugal. Esta unidade era a última em funcionamento no país com capacidade para lavar lã bruta em grande escala, servindo produtores nacionais e também espanhóis.
A estrutura, que chegou a processar cerca de 4.000 toneladas de lã por ano, foi forçada a suspender a atividade devido a problemas ambientais relacionados com o tratamento das águas residuais. A transição da gestão da rede de águas para a empresa Águas de Portugal não permitiu resolver as exigências técnicas e legais impostas, levando à paragem do lavadouro.
Sem alternativas em território nacional, os produtores de lã enfrentam agora sérias dificuldades no escoamento da matéria-prima. Muitos veem-se obrigados a armazenar ou até enterrar a lã tosquiada, transformando um recurso valioso num encargo económico e ambiental.
A Associação Ovibeira, que representa produtores agropecuários da região, lançou uma petição pública com mais de 4.500 assinaturas, que será entregue na Assembleia da República. O setor exige medidas concretas do Governo para garantir a valorização da lã portuguesa e evitar o colapso definitivo da fileira.
Apesar do encerramento do lavadouro, os trabalhadores da unidade da Guarda continuam a operar na triagem e embalagem da lã, numa tentativa de manter alguma atividade e salvaguardar o conhecimento acumulado ao longo de décadas.