O Governo liderado por Luís Montenegro apresentou esta semana uma profunda remodelação que introduz 15 novas alterações nas secretarias de Estado, elevando para 43 o número total de governantes. Entre os nomes em destaque estão Salvador Malheiro, ex-presidente da Câmara de Ovar, que se estreia em funções governativas, e Bernardo Correia, até agora diretor da Google Portugal, que assume a área da Transformação Digital. A nova equipa governa com mais elementos e menos mulheres, e procura dar resposta a áreas críticas como a Saúde, Reforma do Estado e Mar.

A cerimónia de posse dos novos secretários de Estado decorre esta sexta-feira, ao meio-dia, no Palácio da Ajuda, e marca o arranque de uma nova fase do XXV Governo Constitucional, que agora conta com mais dois governantes face ao elenco anterior. Com esta remodelação, um terço dos secretários de Estado são novas caras, e verifica-se também uma redução na representação feminina, que desce de 40% para cerca de 33%.

Entre as nomeações mais sonantes está a de Bernardo Correia, que transita diretamente do setor tecnológico para o centro das decisões políticas. O antigo responsável pela Google em Portugal será agora secretário de Estado da Digitalização, uma pasta integrada no novo Ministério da Reforma do Estado. A sua missão: liderar a modernização digital da Administração Pública, com enfoque na eficiência, proximidade ao cidadão e transformação tecnológica de serviços essenciais, como a Saúde.

Outro nome em evidência é o de Francisco Gonçalves, que substitui Cristina Vaz Tomé na Secretaria de Estado da Gestão da Saúde. Esta mudança surge após um ano marcado por polémicas, como a greve do INEM em novembro, durante a qual morreram 12 pessoas, gerando críticas duras à gestão da tutela. A escolha de Gonçalves representa um esforço do Governo para restaurar a confiança no SNS, iniciando um novo ciclo com uma abordagem renovada à gestão hospitalar e resposta de emergência.

Salvador Malheiro, de 52 anos, estreia-se no Governo como secretário de Estado das Pescas e do Mar. Professor universitário e doutorado em Engenharia, Malheiro foi vice-presidente do PSD durante a liderança de Rui Rio, e ganhou notoriedade pela gestão da pandemia enquanto autarca de Ovar. A sua entrada coincide com a transferência da tutela do Mar do Ministério da Economia para o da Agricultura, concentrando num único pelouro os dossiês das Pescas e do Mar. Substitui Cláudia Monteiro de Aguiar e Lídia Bulcão, sinalizando a intenção do Governo em reforçar perfis técnicos e autárquicos em áreas estratégicas.

A remodelação atinge ainda outras áreas-chave. No Ministério dos Negócios Estrangeiros, Emídio Sousa substitui José Cesário nas Comunidades Portuguesas. Na Presidência do Conselho de Ministros, entram João Valle e Azevedo e Tiago Macieirinha, reforçando a equipa do ministro Miguel Pinto Luz.

No novo Ministério da Reforma do Estado, além de Correia, entra também Paulo Magro da Luz, ex-assessor de Carlos Moedas, como secretário de Estado da Simplificação Administrativa. Este reforço sinaliza uma aposta clara na eficiência administrativa e no aproveitamento de talento vindo da política autárquica e do setor privado.

Ao todo, a composição final do Executivo traduz um equilíbrio entre continuidade e renovação. O Governo tenta assim conjugar experiência política com sangue novo, apostando na tecnologia, gestão pública e proximidade autárquica para dar resposta a desafios que exigem resultados concretos.