Na evocação dos 400 anos da canonização da Rainha Santa Isabel, que se comemoram este ano, foi celebrada, no dia 6 de Julho, no Espaço “Monforte Sacro”, em Monforte, uma eucaristia solene promovida pela Paróquia de Monforte em parceria com o Município e presidida pelo Pároco de Monforte, Padre Alexandre Medeiros. O Município de Monforte esteve representado pelo presidente, Gonçalo Lagem, pelo Vice-Presidente, Fernando Saião, e pela vereadora, Mariana Mota.

“Monforte Sacro – Painéis de Azulejos do Século XVIII Sobre a Vida e Milagres da Rainha Santa Isabel” é um espaço museológico concebido e gerido pelo Município de Monforte, instalado na Igreja do Espírito Santo, em Monforte, requalificada para esse efeito, onde se conserva o mais completo e original programa iconográfico dedicado à Rainha Santa Isabel. Trata-se de um acervo azulejar proveniente da Igreja do antigo Convento do Bom Jesus, um dos mais notáveis mosteiros femininos do Alto Alentejo, igreja demolida em 1945/46.

É constituído por cerca de 15.000 azulejos setecentistas que revestiam inteiramente a nave da igreja, contendo representações nalguns casos inéditas de milagres e episódios da vida da Rainha Santa.

Estes azulejos que constituem aquilo que resta do riquíssimo acervo da igreja foram retirados e armazenados em 59 caixotes numa dependência da Santa Casa da Misericórdia de Monforte, sua proprietária.

Em 2006, foi firmado um protocolo entre a Câmara Municipal de Monforte e a Santa Casa da Misericórdia da mesma vila com objectivo de proceder à inventariação, registo fotográfico e montagem do referido acervo. Os trabalhos iniciaram-se em 2012. Desde então teve lugar o rigoroso e exaustivo trabalho de inventariação realizado pela equipa da Câmara Municipal de Monforte que permitiu a identificação temática da totalidade dos painéis historiados e reconstituir o notabilíssimo revestimento integral da igreja.

Terminada a inventariação do espólio azulejar, importa sublinhar a forma meritória como a Câmara Municipal desde a primeira hora se empenhou na salvaguarda de um precioso património que urge devolver ao nosso tempo.

Considerando que o objectivo final deste projecto foi sempre a instalação definitiva deste importantíssimo espólio em espaço público que permitisse a sua fruição, a Câmara Municipal de Monforte encontrou a melhor forma de reintegrar este singular património na malha urbana da vila.

Efectivamente ao decidir a reabilitação da antiga Igreja do Espírito Santo, actualmente propriedade da autarquia, para no seu interior proceder à recolocação condigna do revestimento azulejar da igreja do convento do Bom Jesus de Monforte, conseguiu conjugar dois objectivos: além da requalificação de um edifício histórico, dar também dignidade e visibilidade a um espólio riquíssimo e valiosíssimo.

Assim, nasceu com a feliz designação de “Monforte Sacro” um espaço de referência para a fruição pública, situado no centro histórico da vila, de um centro interpretativo que de uma forma clara contextualiza este património que renasceu passados mais de sete décadas de esquecimento.

Canonizada a 25 de Maio de 1625 pelo Papa Urbano VIII, Santa Isabel permanece um símbolo perene de fé, caridade e paz. Nascida em 1271, filha do rei Pedro III de Aragão, Isabel casou-se com o rei D. Dinis de Portugal e tornou-se rainha consorte.

A sua vida foi marcada por um profundo espírito cristão, dedicando-se às obras de misericórdia, à assistência dos mais pobres, à fundação de hospitais e mosteiros, e à mediação de conflitos, adoptando o hábito da Ordem Terceira de São Francisco.

Muitas vezes foi apelidada de “anjo da paz”, inclusive por ter impedido guerras entre o marido e o filho, o futuro D. Afonso IV. O milagre das rosas, em que, segundo a tradição, flores apareceram no seu regaço em vez de pães escondidos para os pobres, tornou-se o episódio mais emblemático da sua santidade.

Após a morte de D. Dinis, Isabel retirou-se para o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra, onde viveu em oração e serviço até à sua morte em 1336. A celebração dos quatro séculos da sua canonização é uma oportunidade para renovar a devoção àquela que é padroeira da cidade de Coimbra e co-padroeira de Portugal.

Mais do que uma comemoração do passado, este jubileu convida-nos a reflectir sobre o legado espiritual e humanitário da Rainha Santa, cuja vida continua a inspirar actos de caridade, reconciliação e serviço ao próximo.